quinta-feira, 12 de junho de 2008

Provável Próxima Leitura

Ao longo da história, uma tensão febril impele o homem a usar sua criatividade para tornar o mundo um lugar mais agradável para se viver: da roda aos óculos, do paraíso à Magna Carta, das cidades da Mesopotâmia à linha de montagem, das catedrais góticas ao Projeto Genoma, do cinema ao jazz.

Mas, ao contrário do que se imagina, a maior parte das criações humanas não é obra de gênios isolados e sim de grupos e coletividades, nos quais cooperam personalidades concretas e personalidades fantasiosas, motivadas por um líder carismático, por uma meta compartilhada.

Em Descoberta e Invenção, primeiro volume de Criatividade e Grupos Criativos, Domenico De Masi refaz o percurso da humanidade desde a pré-história até a atual sociedade pós-industrial analisando seus esforços para corrigir a natureza com a cultura.

Ao nos presentear com esta grande obra, o sociólogo italiano nos leva a refletir sobre o papel que estamos desempenhando para deixar aos nossos filhos um mundo melhor do que aquele que herdamos de nossos pais.

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Publicado originalmente em um só volume, Criatividade e Grupos Criativos, do sociólogo Domenico De Masi, chega agora ao público em dois volumes. Neste primeiro, Descoberta e Invenção, o autor mostra como o homem, desde sempre, se valeu da criatividade para derrotar seus inimigos atávicos: a fome, o cansaço, a ignorância, o medo, a feiúra, a solidão, a dor e a morte.

Usando a criatividade como fio condutor, De Masi analisa os esforços do homem para corrigir a natureza com a cultura – seja domesticando o cão, inventando a escrita, o purgatório, criando o Estado, a linha de montagem, as catedrais, o cinema ou o jazz.

O homem começou aprimorando técnicas de sobrevivência contra as ameaças da natureza e dos seus competidores. Prosseguiu elaborando sistemas culturais mais sofisticados e abstratos, com o objetivo de compensar as suas frustrações, as suas dores e as suas inseguranças com ilusões, com prazeres estéticos e com a acumulação de bens materiais.

E agora talvez tenha chegado à compreensão de que a acumulação insensata de dinheiro, de poder e de objetos permanece sendo incapaz de satisfazer as suas necessidades de introspecção, de amizade, de amor, de lucidez e de lazer para as quais necessita cultivar, de forma criativa, valores que haviam sido negligenciados, como a ética, a estética, a emotividade, a subjetividade e a qualidade de vida.

O sociólogo se debruça principalmente sobre o universo dos grupos criativos, mostrando que a maior parte das criações humanas é obra não de gênios individuais, mas de grupos e de coletividades.

Ao longo deste volume, ele apresenta diversos grupos criativos e analisa sua estrutura e suas características inovadoras: a Estação Zoológica de Nápoles, o Círculo Matemático de Palermo, a Wiener Werkstätte, o Círculo Filosófico de Viena, o Círculo de Bloomsbury, o grupo do físico Enrico Fermi, a Bauhaus, o Projeto Manhattan, o Projeto Genoma e muitos outros.

Segundo o autor, hoje, mais do que nunca, as descobertas científicas e as obras-primas artísticas são resultado do aporte coletivo e tenaz de trabalhadores, troupes, teams, squadre e equipes.

Decorrem das progressivas aproximações coletivas, da experiência milenar de clãs e tribos, da imaginação de um povo, do espírito de uma época. Não são mais do que etapas de um processo sem pontos de partida nem pontos de chegada, em que forças contraditórias como linhas retas e linhas curvas, razão e intuição incessantemente se alternam e entrelaçam.

http://www.esextante.com.br/publique/cgi/public/cgilua.exe/web/templates/htm/principal/view_0002.htm?editionsectionid=2&infoid=1721&user=reader

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