quinta-feira, 31 de julho de 2008

quarta-feira, 30 de julho de 2008

10 Lembretes de Peter Drucker

Peter Drucker, sem dúvida, pode ser considerado como o patrono da moderna administração. Parte deste sucesso deve-se ao seu extremo poder de antever situações e circunstâncias, baseado em sintomas muitas vezes pouco aparentes aos demais mortais, que derivam em consequentes denominações de fórmulas e princípios simples facilmente exequíveis no dia a dia das organizações.
Seguem abaixo, 10 conselhos de Drucker extraídos de várias de suas obras:

1. Na administração estratégica, a eficiência é importante, mas a eficácia é vital.

2. Defender o ontem, isto é, não inovar, é mais arriscado do que fazer o amanhã.

3. Deve-se aprender a ver as mudanças sociais, tecnológicas, econômicas e demográficas como oportunidades e não como ameaças.

4. Os empreendedores mais bem sucedidos que conheci sempre foram homens e mulheres humildes, que tinham consciência de que o sucesso de hoje pode ser o fracasso de amanhã e vice-versa.

5. Inovação é trabalho. Ações sistemáticas, deliberadas e disciplinadas são o que realmente conduzem uma empresa ao progresso.

6. Nunca misture unidades administrativas a unidades empreendedoras.

7. A pesquisa de marketing é um instrumento que pode ser utilizado para descobrir o que os clientes compram, como compram e assim por diante.

8. A simplicidade tende ao desenvolvimento, a complexidade à desintegração.

9. O judô empreendedor sempre se concentra no mercado e é dirigido pelo mercado

10. Aqueles que sobrevivem, tendem a evoluir.

domingo, 27 de julho de 2008

Brazil: The Natural Knowledge Economy

É básico, acredito que quem beira a sanidade já tem noção disso, porém o interessante é que é um estudo de 160 páginas sobre o assunto, feito por um instituto de Londres. Ainda não tem tradução em português, foi lançado esse mês e parece muito válido.

Enjoy, english speakers. Tem uma vasta bibliografia e alguns gráficos, mas nenhuma imagem, então esse é só pra leitores de inglês mesmo.

http://www.demos.co.uk/files/Brazil_NKE_web.pdf

O'Reilly e Dawkings



...

Fico dividido nessas opiniões, porém o que seria do mundo sem a mensagem de amor que o nazareno deixou de legado? Em conformidade com o argumento de O'Reilly, tanto Stalin, Mao Tsé e Hitler fram ateus; o que seria do mundo se não houvesse a metafísica da eternidade?

Por um lado, haveria normalmente uma emergência de revoluções e uma transformação social violenta, culminando novamente na emergência de uma nova aristocracia, ou na coerção dos mais fracos, que é o que já acontece hoje, pelo viés de discussão da alienação. E naturalmente uma nova metafísica seria instituída para o povão, com novas emergências de líderes e formação de sindicatos e política e tudo o que já acontece hoje. A solução então para o fim da escravidão, mesmo a sutil, é pela educação, pela palestra, pelo conhecimento dos fatos e dos sistemas que compõe a experiência humana, com seus fluxos e estoques.

Mas para que haja essa vontade de emancipação do povo, os líderes teriam que ser também professores, e não usurpadores ou tiranos, até porque a seletividade extrema impede a diversificação dos genes e por isso facilita o aparecimento de doenças congênitas. Por isso, a miscigenação e o processo integrador são partes fundamentais na evolução da consciência civilizadora, e não vejo outro mito mais interessante do que o Cristo nessa história. Não o Cristo histórico, mas a noção de "unção", para que possa-se trabalhar com outras coisas enquanto o Cristo vai lá e sangra pelo ideal.

Embora a ciência que Dawkings faz é real e bela, ainda não há a consciência antropológica e sociológica suficientes para uma emergência de um paradigma mais interessante.

Talvez quando tivermos colonizado outros planetas.

Felizes daqueles que sabem.

Hypersurface Design

“Durante estas horas finais do século 20, enquanto vagueamos na direção do novo milênio, pode-se experienciar a estranheza de olhar tanto para a frente quanto para trás simultaneamente. O deslocamento temporal deste futuro/passado é talvez indicativo de um vir a ser imerso nas tramas das nossas próprias tecnologias. Mover adiante no próximo século pode estar mais relacionado a tornar-se mais ´im-placed` (envolvido com o lugar) do que a projetar-se adiante em progresso social. Estar ´implaced` ou imerso, contudo, tem tangibilidade. Assim como nos comprometemos mais profundamente com a época da informação, também teremos que negociar o mundo físico. Nisto reside o desafio”. Stephen Perrella – Dezembro 1999

Stephen Perrella haptic@columbia.edu é arquiteto e editor/designer da NEWSLINE e COLUMBIA DOCUMENTS da Columbia University Graduate School of Architecture Planning and Preservation. Ele também é presidente do HyperSurface Systems, Inc. uma firma de design de tecnologia para Internet criada para explorar mais amplamente as interfaces arquitetônicas.

A Hipersuperfície (Hypersurface) é uma inquietação emergente da pesquisa de ponta em arquitetura na última década. Tal pesquisa vem se desenvolvendo numa companhia que vem se especializando em discutir as características experienciais espaciais dos ambientes de interface midiática emergentes, aplicações e suas consequentes implicações no interrelacionamento entre a concepção e a geração da forma.

O objetivo da Teoria da Hipersuperfície é unir dois discursos filosóficos que vieram a ser implementados na arquitetura: a tendência desconstrutivista baseada no trabalho de Derrida com o mais recente esforço de topologização que se fundamenta em Deleuze e Guattari. O conjunto da arquitetura topologizada com a cultura midiática tende a resultar num híbrido diferenciado capaz de reconectar uma arquitetura "elitista" com cotidiano, linguagem e matéria, representação com instrumentalidade, e imagem com forma.

Hipersuperfície é a figura de linguagem que nós usamos para descrever qualquer conjunto de relações que se comportam como sistemas de troca. Um sistema de trocas, que quando fisicamente construído como o presente, é a pressuposição de um conjunto de pontos ou a deformação dinâmica do espaço de um conjunto de pontos no conjunto de pontos adjacente na produção do novo.

Arquitetura de Hipersuperfície é um afeto não dicotômico para o século 21


entrevista com Stephen Perrella aqui.

Gonzo Tech

Apesar de haver vivido em Los Angeles durante os últimos meses, e de ter começado o ano em outra das capitais cyberpunks do mundo, Mexico DF, o mais moderno que vi em arquitetura, ultimamente, o fizeram (fizemos) uns compas de Sevilla, numa excursão a Barcelona o passado mês de outubro.

Pablo de Soto, do coletivo arquitetônico wewearbuildings, os (ir)responsáveis pelo atentado aos bons costumes acadêmico-artístico-arquitetônicos de que irei escrever, qualificou a ação de "Arquitetura Gonzo". Brilhante! Eu o imaginei como uma mistura de cyberpunk e situacionismo. De algum lado, junto às moléculas de absinto e outros produtos químicos mais pós-modenos que flutuavam no ar, se sentia também um embriagador perfume anarco-zapatista. Cidade instantânea, construção de situações, hackitetura, máquina de guerra, okupação-reconquista do espaço público, distúrbio eletrônico...Viva a nova arquitetura! Estamos no século XXI, pelo menos alguns.

Jornalismo Gonzo é/era o praticado por Hunter S. Thompson nos 60/70. Seu famoso livro sobre os Hell's Angels foi a obra fundadora. Baseia-se em uma prática similar à da observação participativa das ciências sociais, ainda que levada ao limite. O agente que quer investigar uma certa situação não observa de fora com intenção de - impossível - objetividade, se não que passa a fazer parte dos processos que quer conhecer. A particularidade gonzo é que a experiência participativa chega a limites extremos de participação, risco, violência, nos quais desaparece a distância entre o observador e os personagens ou acontecimentos objetos de estudo; o observador se converte no principal protagonista da ação, uma ação sempre transgressora, que para ser gonzo deve implicar alguma espécie de violenta possessão, um devir radical...(É um ensaio provisório de aproximação, espero comentários e/ou definições alternativas).

A arquitetura gonzo seria então a construção de uma situação, - no sentido dos situacionistas, valha a redundância - arquitetônica, urbana, na qual todos os participantes são arrastados a uma experiência radical, transgressora, confrontacional, que chega a limites de ebriedade extática; que dá lugar, - nas palavras de Vaneigem -, à poesia que muda a vida e transforma o mundo. A diferença, o valor adicional, no que diz respeito a uma festa/rave, ou uma boa manifestação, seria uma explícita dimensão espacial-artístico-política do evento.

Uma máquina "arquitetônica" é o veículo para que se produza o encontro.

do rizoma.net

sábado, 26 de julho de 2008

Colônia no séc. XIX

"...uma característica que igualmente se detecta em escritores nacionais e estrangeiros contemporâneos sempre que se discute a relação privilegiada de cada uma das metrópoles europeias com os seus impérios coloniais. Tal ambiguidade consiste no reconhecimento da necessidade de manutenção do velho sistema do pacto colonial- assente em privilégios e exclusivos atribuídos a negociantes e instituições nacionais e em proibições de instalação de manufacturas nos domínios coloniais - ao mesmo tempo que se admite uma maior abertura deste espaço económico reservado, quer através do acolhimento à participação interessada de outras nações no tráfego colonial, quer sobretudo através do apoio às iniciativas de agentes económicos individuais."
in Portugal como Problema, de José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho, brasileiro.

...

Sinceramente vejo pouca mudança comparado aos dias de hoje. Continua-se preservando os privilégios e exclusivos atribuídos a negociantes e instituições nacionais, proibições de instalação de manufacturas com essa burocracia e tributos proibitivos enquanto há a abertura dos portos às nações amigas para investimento e exploração dos serviços coloniais.

Liberté

"O homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as entranhas do último padre".

Diderot

El Iluminismo

"O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo".

Kant

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O espelho mágico de Baudrillard

Por Carlos Eduardo Elmadjian, 3º ano de Jornalismo
Faculdade Cásper Líbero

Apesar da popularidade que conquistou com suas idéias, o pensador francês Jean Baudrillard, de 74 anos, está longe de ser uma sumidade no meio intelectual. Mesmo assim, com seu jeito irônico, controverso e provocativo, o filósofo é considerado por muitos como um dos mais influentes críticos da sociedade contemporânea.

Baudrillard começou sua carreira como professor de sociologia na Universidade de Nanterre, em Paris, onde participou ativamente dos protestos estudantis de maio de 1968. Mas, foi a partir de 1977, com o livro Esquecer Foucault (Ed. Rocco), que ele proclamou sua independência como pensador e iniciou um relacionamento conturbado com os padrões estabelecidos pela academia intelectual francesa.

Apontado como "pensador terrorista", "niilista irônico", e até como "Cavaleiro do Apocalipse' por sua visão fatalista sobre a sociedade contemporânea, o filósofo, no entanto, defende-se de qualquer rótulo. "Sou um dissidente da verdade, alguém que não acredita no discurso de uma realidade única e inquestionável", disse em entrevista à revista Época em junho do ano passado.
Para Marcelo Buzato, professor de Teoria da Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Baudrillard "retoma a grande tradição do pensamento filosófico, preocupada com a relação entre o 'real' e o ‘virtual’, que começa com Platão e inclui, recentemente, teóricos como Bourdieu, Weissberg e Pierre Lévy"

Segundo Buzato, boa parte da popularidade que Baudrillard possui hoje se deve ao fato de ele ter se mostrado 'um dos pensadores mais influentes na discussão de como o avanço tecnológico tem modificado nossa relação com 'real''.

Dentro desse campo, o pensador francês afirma que "o mais importante acontecimento da história moderna" foi o desaparecimento da realidade. Em outras palavras, isso quer dizer que não vivemos mais a nossa própria realidade, mas apenas referencias ou ilusões dela mesma. Baudrillard chama esses fenômenos de "simulacros", isto é, simulações malfeitas do real.
Para o filósofo, a conseqüência disso é que caímos em um mundo sem sentido, no qual nos vemos forçados a nos prender em alguma concepção falsa da realidade para esconder a própria contradição dessa realidade.

Há também estudiosos que acreditam que o pensador francês não está tão assustado com essa catástrofe do real. Para Valter Rodrigues, professor de Psicologia da Faculdade Cásper Líbero, "Baudrillard conquistou a mídia e se transformou em um autor midiático". Ironicamente, hoje o filósofo francês ganha a vida realizando palestras pelo mundo inteiro e escrevendo livros bem distantes da academia, desfrutando da contradição de seu próprio nome ter se tornado uma valiosa moeda de troca na sociedade que ele tanto critica.

Rodrigues também acha que o pensador francês se tornou hoje um "niilista reativo, conforme Nietzsche os entendia: o intelectual que levanta algumas questões de oposição ou de crítica ao sistema e constrói seu prestígio em torno dessas questões insolúveis, como a demonstração de que vivemos em uma sociedade de simulacros".

Contudo, em entrevista à jornalista Scheila Leimer, em 1999, Baudrillard negou esse envolvimento com o mundo da mídia: "Coloco-me num universo paralelo, onde não há contradição violenta com o sistema dominante(...), estou na singularidade".

As influências do filósofo vão desde Marx, Nietzsche e Freud, até os antropólogos Levi-Strauss e Mauss, mas seu olhar está sempre voltado para o presente. Ele discute política internacional do mesmo modo como fala de comportamento sexual.

O pensador francês também não se incomoda nem um pouco em romper com dogmas acadêmicos ou morais. Baudrillard põe em questão Foucault, o imperialismo norte-americano, a política interna francesa e até a arte contemporânea, muitas vezes criando controvérsias e ganhando, por isso, uma fama que ultrapassa as barreiras da intelectualidade.

Aliás, essa fama ganhou proporções exageradas depois de os irmãos Wachovski terem admitido que se inspiraram em seu livro Simulacros e Simulação (ed. Relógio D´Água) para escrever o roteiro do filme Matrix. Entretanto, na mesma entrevista à Época, o filósofo faz questão de lembrar que não aprova sua participação involuntária no enredo: "Matrix faz uma leitura ingênua entre a ilusão e a realidade". Para Baudrillard, a distância entre o que é considerado real e irreal é muito mais tênue do que aquela apresentada pelo filme.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Ser Batman

Neurocientista e especialista em artes marciais propõe parâmetros para virar super-herói.

J.R. Minkel
Da 'Scientific American'

De todos os super-heróis, Batman é o mais terrestre. Não tem superpoderes oriundos de um mundo distante e tampouco foi mordido por uma aranha radioativa. Tudo o que o protege do Coringa e outros vilões de Gotham City é sua inteligência e um físico moldado por anos de treinamento – combinados a uma vasta fortuna para alcançar seu potencial máximo e equipá-lo com Batmóveis, Batcabos e outros Bat-apetrechos, é claro.

No blockbuster de 2005 "Batman Begins", o vingativo Bruce Wayne (interpretado por Christian Bale) afia seus instintos assassinos nas ruas por sete anos antes de se jogar numa prisão butanesa e se envolver com a misteriosa Liga das Sombras, que o ensina o caminho do ninja.

Para investigar se alguém como Bruce Wayne poderia fisicamente se transformar em uma devastadora gangue de um homem só, procuramos E. Paul Zehr, professor associado de cinesiologia e neurociência na Universidade Vitória, na Columbia Britânica (Canadá), e praticante de Chito-Ryu karate-do há 26 anos. O livro de Zehr, “Becoming Batman: The Possibility of a Superhero” ("Tornando-se Batman: A Possibilidade de um Super-Herói), da The Johns Hopkins University Press, com lançamento previsto para outubro, trata exatamente da nossa questão.

Segue uma transcrição editada da conversa.

Scientific American: O que os gibis e filmes nos contam a respeito das habilidades físicas de Batman?
E. Paul Zehr: Há uma citação de Neal Adams, um grande desenhista de Batman, que diz que o Homem-Morcego venceria ou poderia participar de todas as competições das Olimpíadas. Se eu fosse seu treinador, provavelmente o colocaria no decatlo. Embora Batman seja mostrado nos gibis como o mais forte e o mais rápido e todas essas outras coisas, na verdade não é possível ser tudo isso de uma só vez. Para ser Batman corretamente, o que você realmente precisa é ser excepcionalmente bom em muitas coisas diferentes. É quando você junta todos os pedaços que você tem o Batman.

Sciam: O que é mais plausível na caracterização das habilidades de Batman?
Zehr: Você poderia treinar alguém para ser um fabuloso atleta e ter uma experiência significativa em artes marciais, e também para usar alguns de seus equipamentos, que exigem uma grande proeza física. A maior parte do que você vê ali é viável no nível de que alguém poderia ser treinado àquele extremo. Veremos esse tipo de coisa em menos de um mês, nas Olimpíadas.

Sciam: O que é menos realista?
Zehr: Um ótimo exemplo está nos filmes, quando Batman luta contra múltiplos oponentes e de repente está enfrentando dez pessoas. Se você apenas estimar a rapidez com que alguém pode socar e chutar, e quantas vezes você pode atingir uma pessoa por segundo, chega-se a números como cinco ou seis. Isso não significa que você conseguiria lutar com cinco ou seis pessoas. Mas também é difícil para quatro ou cinco pessoas atacarem alguém simultaneamente, por ficarem no caminho uns dos outros. Mais realista seria haver dois agressores.

Sciam: Por quanto tempo Bruce Wayne teria de treinar para se tornar Batman?
Zehr: Em algumas das linhas do tempo vistas nos gibis, a história é que ele fica fora por cinco anos – algumas vezes são de três a cinco anos, ou oito anos, ou doze. Em termos das mudanças físicas (força e condicionamento), isso está acontecendo bem rapidamente. Estamos falando de três a cinco anos. Considerando as habilidades físicas necessárias para se defender de todos esses oponentes o tempo todo, eu diria de 10 a 12 anos. Provavelmente a representação mais realista de Batman e seu treinamento está em "Batman Begins".

Sciam: Por que um tempo de treinamento tão longo?
Zehr: Batman realmente não pode se dar ao luxo de perder. Perder significaria a morte – ou pelo menos a impossibilidade de ser Batman novamente. Mas outro ponto importante seria ter habilidades suficientes para se defender sem matar ninguém. Porque isso faz parte de seus princípios. Seria muito mais fácil lutar contra alguém se você pudesse incapacitá-lo com força extrema. Atingir alguém na garganta poderia ser um golpe letal. Isso é bem fácil de fazer. Mas se você está pensando em algo que não resulte em força letal, isso é mais delicado. Ser tão bom, lutar sem ferir ninguém de forma letal, exige um nível extremamente alto de habilidade que levaria talvez de 15 a 18 anos para ser acumulado.

Sciam: De onde vem o número de 15 a 18 anos?
Zehr: Vem do meu próprio treinamento em artes marciais e do aprendizado de quanto tempo uma pessoa leva para responder a situações simples – sem falar nas complexidades de bombas de fumaça explodindo e pessoas usando grandes Bat-trajes. Não importa quanto treinamento você tenha, quando estamos sujeitos a uma grande quantidade de stress psicológico, cometemos muito mais erros. A polícia fala nisso quando utiliza o chamado treinamento baseado na realidade. Levam-se anos e anos e anos para se ter a segurança de ser capaz de agir quando alguém está atacando você de verdade.

Sciam: O que é um regime de treinamento realista?
Zehr: Eu não coloquei um manual de treinamento no meu livro, mas seria interessante fazer um treinamento de pesos especializado para desenvolver a habilidade de trabalhar em uma intensidade muito alta durante talvez de 30 segundos a um minuto (o período máximo de tempo associado com suas lutas). Um dos primeiros gibis o mostra levantando um peso enorme acima de sua cabeça. Esse não é o tipo correto de adaptação para socar e chutar. Ele precisa se assegurar de que esteja usando todas as habilidades treinadas ao mesmo tempo, para que realmente utilize as adaptações (físicas) lentamente obtidas. Nas artes marciais convencionais, quando pessoas recebem treinamento com armas, trata-se de um tipo de treinamento de poder e força.

Sciam: Que efeitos todo esse treinamento teria no corpo de Bruce Wayne?
Zehr: Pesquisei o que a DC Comics e alguns outros livros dizem (sobre o físico de Batman). Assumi a estimativa de que Bruce Wayne começou com aproximadamente 1,90m e 84 quilos. Dei-lhe 20% de gordura corporal (levemente abaixo da média) e um índice de massa corporal de 26. Digamos que depois de 10 ou 15 anos, depois de transformado em Batman, ele pese cerca de 95 quilos com 10% de gordura corporal. Ele provavelmente ganhou mais de 20 quilos de músculos. Seus ossos realmente seriam mais densos, o oposto da osteoporose.

Sciam: Estamos falando de ossos densos de uma forma fora do comum?
Zehr: A mudança percentual é bem pequena – talvez 10%. No judô, onde se vê muitos agarramentos e tombos, você terá mais densidade nos ossos longos do tronco. No karatê e outras artes marciais onde ocorrem muitos chutes, haverá uma densidade bem maior nas pernas. O Muay Thai (kickboxing) é um ótimo exemplo. Eles sempre dão esses chutes com a tíbia. Eles tentam condicionar o corpo chutando objetos progressivamente com mais força e por mais tempo.

Sciam: E quanto ao tempo de reação?
Zehr: Há evidências de que especialistas em algo como futebol americano e hóquei têm uma habilidade aprimorada para perceber o movimento no tempo. No livro, uso o exemplo de Steve Nash arremessando a bola, mesmo que ele não possa ver onde o recebedor do passe estará. Especialistas são capazes de extrair mais informação com maior rapidez que os outros. É quase como se os seus sistemas nervosos ficassem mais eficientes.

Sciam: Como Batman conseguiria descansar o suficiente?
Zehr: A dificuldade para Batman é que ele precisa tentar dormir durante o dia. Ele ficará muito cansado, na verdade, a menos que possa realmente trocar o dia pela noite. Se fosse apenas um sujeito noturno, ele seria muito mais saudável e teria um sono bem melhor do que se continuasse a se comportar como faz hoje, que é receber alguma luz aqui e ali. Isso vai estragar seus padrões e a duração do sono.

Sciam: Combater os criminosos de Gotham todas as noites não teria seu preço?
Zehr: A parte mais irreal da forma como Batman é retratado é a natureza de seus ferimentos. Na maior parte do tempo, nos gibis e nos filmes, mesmo quando ele ganha, geralmente acaba levando uma boa surra. Há um fracasso real em mostrar o efeito cumulativo disso. No dia seguinte ele está fazendo a mesma coisa, tudo de novo. É mais provável que ele estivesse cansado e ferido.

Sciam: Há alguma indicação nos quadrinhos sobre a longevidade da carreira de Batman?
Zehr: Os gibis são realmente vagos em relação a isso, obviamente. Em “Cavaleiro das Trevas”, graphic novel de Frank Miller, vemos um Batman envelhecido voltando da aposentadoria, que aparece mais fraco e cansado. Em algum lugar entre 50 e 55 anos, ele provavelmente se aposenta. Seu desempenho está decaindo. Está sempre enfrentando adversários mais jovens. Isso é bem no fim de quando ele será capaz de se defender e não ter de lidar com aquela força letal. Isso foi mostrado em uma série animada chamada "Batman Beyond."

Sciam: Ah, sim. É o futuro; Batman está velho e treina um garoto para substituí-lo.
Zehr: Você conhece aquela série? O que aprendemos é que Batman, já mais velho, mas antes de se aposentar, realmente usou uma arma contra um malfeitor, porque precisou fazê-lo. Suas habilidades o deixaram na mão de forma que ele não foi capaz de se defender sem machucar outra pessoa. E foi aí que ele decidiu se retirar da cena.

Sciam: Como todas as surras afetaram sua longevidade?
Zehr: Lembrando que ser Batman significa nunca perder -- se você analisar eventos consecutivos onde lutadores profissionais tiveram de defender seus títulos, como Muhammad Ali, George Foreman, Ultimate Fighters –-, o período mais longo que encontrará é de cerca de dois ou três anos. Isso de certa forma bate com a carreira média dos runningbacks (corredores do futebol americano) da NFL. É de aproximadamente três anos. (Essa é a estatística que consegui no site da Associação de Jogadores da NFL.) A questão é que não é muito longa. É muito duro se tornar Batman em primeiro lugar, e é duro se manter quando você chega lá.

Sciam: Há uma pesquisa sugerindo que concussões podem gerar depressão em jogadores da NFL. Esse poderia ser um motivo pelo qual o Cavaleiro das Trevas é tão pensativo?
Zehr: Passei por muitos quadrinhos e graphic novels e só encontrei um par de exemplos onde alguns dos golpes na cabeça de Batman tiveram o efeito de algo como uma concussão. Na vida real, esse seria um resultado bastante provável. Ele é capaz de compensar alguns dos danos físicos à sua cabeça porque o uniforme funciona um pouco como um capacete. Mas esses golpes definitivamente somariam. Já que eles não admitem que ele tenha concussões, você não pode defini-las como a razão pela qual ele é pensativo.

Sciam: Você acha que Batman tomaria esteróides para se curar mais rapidamente?
Zehr: Não. Há um gibi onde ele tomou esteróides. Ficou um pouco louco e desistiu deles.

Sciam: Na sua opinião, quantos de nós poderiam se tornar um Batman?
Zehr: Se pegarmos a porcentagem de bilionários e multiplicarmos pela porcentagem de pessoas que se tornam atletas olímpicos, provavelmente chegaríamos a uma estimativa próxima. O ponto mais importante é o que um ser humano realmente consegue fazer. O alcance do desempenho que você pode conquistar é simplesmente enorme.

*Distribuído por "The New York Times Syndicate".
Via g1.

sábado, 19 de julho de 2008

Obstáculos Epistemológicos ao fazer científico

Um outro ponto importante para a compreensão do que chamamos "metodologia bachelardiana", é a sua noção de "obstáculos epistemológicos", tratado, sobretudo, na obra "A formação do espírito científico", de 1938. Bachelard propõe uma psicanálise do conhecimento, em que o seu progresso é analisado através de suas condições internas, psicológicas. Na sua avaliação histórica da ciência, o filósofo francês se vale do que chama de "via psicológica normal do pensamento científico", ou seja, uma análise que perfaz o caminho "da imagem para a forma geométrica e, depois, da forma geométrica para a forma abstrata" (BACHELARD, 1996, p.10-11). A própria concepção de espírito científico nos remete ao universo psicanalítico.

Quanto aos "obstáculos epistemológicos", afirma Bachelard, é através deles que se analisam as condições psicológicas do progresso científico. Nas suas palavras:

É aí que mostraremos causas de estagnação e até de regressão, detectaremos causas da inércia às quais daremos o nome de obstáculos epistemológicos (...) o ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior, destruindo conhecimentos mal estabelecidos, superando o que, no próprio espírito, é obstáculo à espiritualização. (BACHELARD, 1996, p.17)
A noção de obstáculo epistemológico é de fundamental importância para o desenvolvimento do conhecimento no âmbito das pesquisas. É na superação destes obstáculos que reside o sucesso de uma pesquisa científica. Porém, condição essencial para a superação dos obstáculos é a consciência por parte dos cientistas de que eles existem e que, se não neutralizados, podem comprometer o processo da pesquisa, desde seus fundamentos até os seus resultados. Dentre tantos exemplos citados por Bachelard na obra A formação do Espírito Científico, irei deter-me em dois apenas, que penso serem constantes nas pesquisas: o obstáculo da realidade e o obstáculo do senso comum, da opinião. Para analisar estes obstáculos, pode-se utilizar o sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002), que construiu na sua obra "A profissão de sociólogo" (1999), uma metodologia para a Sociologia baseada nos princípios da "construção do objeto científico", de Bachelard.

O primeiro obstáculo, a realidade, está inserido na crítica já citada anteriormente a respeito do empirismo. O pesquisador, ao olhar seu objeto de estudo, especialmente quando este faz parte do universo social, como é o caso da educação, pode incorrer no perigo de se deixar levar pelo que lhe é visível, dando a este um estatuto de verdade que ele não tem. Para Bachelard, "diante do mistério do real, a alma não pode, por decreto, tornar-se ingênua. É impossível anular, de um só golpe, todos os conhecimentos habituais. Diante do real, aquilo que cremos saber com clareza ofusca o que deveríamos saber". (BACHELARD, 1996, p.18). A proposta de Bourdieu é que, para tornar-se objeto científico, a realidade a ser estudada deve passar pelo crivo de uma teoria rigorosamente construída. A realidade nada responde por si mesma. Somente o faz através de questões levantadas teoricamente. Estas observações ganham razão de ser quando nos deparamos muitas vezes com pesquisas da área educacional que se resumem ao relato narrativo de uma determinada situação, geralmente denominado "estudo de caso", sem que este tenha qualquer relação com uma questão geral, teórica. Estas pesquisas, geralmente, constituem-se de um apanhado teórico somado mecanicamente à descrição de uma situação e, por fim, uma consideração final que tenta sintetizar o estudo. Tal método, segundo pensamos, é falho e não consegue revelar o que se pode chamar das "múltiplas relações" inerentes à realidade, contentando-se em descrever tal situação que, por isso, perde muito do seu valor acadêmico, nada acrescentando ao conhecimento acumulado.

O segundo obstáculo epistemológico, o senso comum, semelhante ao primeiro, relaciona-se especificamente com a dificuldade com a qual se depara o cientista social em separar o seu conhecimento comum, suas opiniões, seus preconceitos, as avaliações relacionadas à sua posição social e econômica, etc., do conhecimento teórico, científico, que deve estar comprometido com a busca da verdade, baseada em leis gerais, em conceitos e não em preconceitos. Muitas pesquisas travestem-se de científicas para legitimarem determinados preconceitos, dando a eles credibilidade. Não que se pretenda preconizar a neutralidade científica, como queria o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920). A utilização consciente de um método de pesquisa, como a "construção do objeto científico", leva o cientista a chegar mais próximo possível da verdade do seu objeto, sem com isso entender o esgotamento do seu estudo, dada a característica dialética da sociedade e do conhecimento. A realidade social, e a educacional mais especificamente, é objeto de avaliação por todos aqueles que vivem na sociedade, o que torna a tarefa do cientista social ainda mais difícil, pois deve construir seu conhecimento apesar e contra o senso comum; apesar e contra a realidade.

...

Teoria por Gastón Bachelard. (Wiki)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Fenomenologia

E lá estava eu me tornando agnóstico, tendo já vindo de um caminho ateu da adolescência, quando me deparo, no meu caminho heterodoxo de busca da ciência depois de um longo tempo pelo obscuro caminho do ocultismo, com um mito, Thomas Kuhn, caminho obrigatório da história da ciência. E eis que ele me diz, numa adaptação minha: As revoluções científicas acontecem nas mudanças das entidades que constituem o universo, formando assim paradigmas que facilitam a emergência do posterior conhecimento esotérico.

Pqp, mais místico impossível!

Volto às recôndidas raízes.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Rádio Blá

Enterrando mortos.

Vida burguesa é uma merda
Amigos mentecaptos
Rede de intrigas

Pqp, as duas primeiras partes dessa música são um zeitgeist muito foda! Se eu tivesse ouvido mais cedo não teria passado por tanta insanidade.

Minha natureza cristã, no entanto, não deixa desprezo: A análise antropológica de uma vida fútil foi o que ficou.

Um pouco de Baudelaire

"É preciso estar sempre embriagado. Eis aí tudo: é a única questão. Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que rompe os vossos ombros e vos inclina para o chão, é preciso embriagar-vos sem trégua. Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira. Mas embriagai-vos. E se, alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre a grama verde de um precipício, na solidão morna do vosso quarto, vós acordardes, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que foge, a tudo que geme, a tudo que anda, a tudo que canta, a tudo que fala, perguntai que horas são; e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio, responder-vos-ão: 'É hora de embriagar-vos! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos: embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa maneira'."

...

"As nações não têm grandes homens senão contra a vontade delas - assim como as famílias."

"Apenas é igual a outro quem prova sê-lo e apenas é digno da liberdade quem a sabe conquistar."

"Quem não souber povoar a sua solidão, também não conseguirá isolar-se entre a gente."

"A imaginação é a rainha do real e o possível é uma das províncias do real."

"Quanto mais se quer, melhor se quer."

"Manejar sabiamente uma língua é praticar uma espécie de feitiçaria evocatória."

"Para o comerciante até a honestidade é uma especulação financeira."

"Há que trabalhar, ainda que não seja por gosto, ao menos por desespero, uma vez que, bem vistas as coisas, trabalhar é menos aborrecido do que divertirmo-nos."

"Homem livre, tu sempre gostarás do mar."

-Charles Baudelaire

Mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Baudelaire
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/baudelaire.htm
http://www.uvm.edu/~sgutman/Baudelaire.htm
http://www.beatrix.pro.br/literatura/baudelaire.htm

segunda-feira, 14 de julho de 2008

The 22 Immutable Laws of Marketing

de http://www.ericsink.com/


I love to play cards. I've spent many hours sitting around a kitchen table playing pinochle, euchre or spades.

But I think my favorite card game is bridge. More specifically, the variant of bridge which fascinates me is called "duplicate". The basic idea of duplicate bridge is that your score is a function of how well you play your cards as compared to how the other teams played the exact same cards.

Just to be clear, let me repeat: In duplicate bridge, you are playing the same cards as your opponents. The luck of the deal is basically eliminated.

You have 13 cards in your hand, so there are 13 "tricks" available to win. If you are dealt excellent cards, there is no particular reason to get excited. Yes, your cards will take lots of tricks, but that's not the point. The issue is whether you take as many tricks as the other people who play those exact same cards. If you take nine tricks but somebody else finds a way to take ten, you lose.

Duplicate bridge is a brutal game. Every small mistake can be very costly. I do like to go to the local bridge club sometimes, but I usually end up in last place. At the end of the evening, I review each hand and figure out what went wrong. Even though I am terribly bad at this game, I still enjoy it because every game is such a learning experience.

I often wonder what other pursuits would be like if they had to operate under the same rules: Resources and context do not change -- the only variable is the ability of the person managing those resources.

These questions become particularly interesting to me when asked in the field of software product management. For a given piece of technology or code, what would happen if somebody else were managing it?

If I were managing the Delphi product instead of Borland, could I do a better job?
If Joel Spolsky were managing Vault instead of me, would the product have more users?
If Sun were to hand the management of Java over to a committee of monkeys, would it be more successful? :-)

Alas, these hypothetical fantasies are not going to happen. That's unfortunate. If ISVs had to play duplicate, we would all quickly learn a lot. First, the sheer volume of our stupid mistakes would be exposed, and we would quickly learn how very bad we all are at product management. And after that, we would start learning the fine points. Instead of just chalking up every failure to the fault of "bad marketing", we would review each decision and figure out exactly where and when we played the wrong card.

We can't play duplicate with our shrinkwrap products, but we can learn the fine points of marketing. Marketing is not some vague and fuzzy realm where only luck matters. There are principles which can be learned and applied.

Al Ries and Jack Trout refer to these principles as "laws". Their book, entitled "The 22 Immutable Laws of Marketing" is one of my favorites. So...

Law #1: The Law of Leadership
Law #2: The Law of the Category
Law #3: The Law of the Mind
Law #4: The Law of Perception
Law #5: The Law of Focus
Law #6: The Law of Exclusivity
Law #7: The Law of the Ladder
Law #8: The Law of Duality
Law #9: The Law of the Opposite
Law #10: The Law of Division
Law #11: The Law of Perspective
Law #12: The Law of Line Extension
Law #13: The Law of Sacrifice
Law #14: The Law of Attributes
Law #15: The Law of Candor
Law #16: The Law of Singularity
Law #17: The Law of Unpredictability
Law #18: The Law of Success
Law #19: The Law of Failure
Law #20: The Law of Hype
Law #21: The Law of Acceleration
Law #22: The Law of Resources

For those who prefer to read this series of postings in printed form, a PDF version is available.

Sobre a Inteligência Coletiva

A lógica da exclusão que se enraizou nas instituições sociais tem levado pesquisadores de todo o mundo a discutir as bases políticas, econômicas e sócio-culturais que começam a organizar a emergente Sociedade da Informação.

As novas tecnologias, ao tecerem uma rede de complexos espaços do conhecimento, modelam uma sociedade em que processos cognitivos e vitais se misturam, em que os atores sociais são aqueles sujeitos que conseguem manter, com flexibilidade adaptativa, a dinâmica de continuar aprendendo numa imensa rede de ecologias cognitivas.

A construção de uma sociedade que se configure em estado permanente de aprendizagem condiciona uma nova abordagem para o conceito de inteligência. Nessa revolução conceitual, há o rompimento com uma visão reificada e racionalista da inteligência, que classifica e que exclui, para a concepção de uma inteligência construída num processo coletivo e histórico de aprender. É a inteligência das aprendizagens, a que resulta de processos cognitivos e de singularização desencadeados na heterogeneidade dos coletivos.

A teia conceitual que se estrutura a partir dessa abordagem da inteligência aponta para o potencial das redes digitais planetárias, com suas características promissoras de hipertextualidade, de conectividade e de transversalidade, rompendo a lógica racionalista excludente que gera um descompasso dos seres humanos em relação às oportunidades oferecidas pelo próprio potencial tecnológico.

Para Lévy (1996:97), todos os indivíduos humanos são inteligentes por possuírem um conjunto de capacidades para perceber, aprender, imaginar e raciocinar. Muitas vezes essas aptidões são subestimadas por desconsiderar que o exercício dessas capacidades cognitivas implicam, obrigatoriamente, uma ação coletiva ou social. É no coletivo que vamos encontrar os instrumentos intelectuais ou objetos para a reflexão - conhecimentos, valores e ferramentas – que, distribuídos por toda parte, são continuamente valorizados e sinergizados. Modela-se, assim, um projeto individual e coletivo eternamente inconcluso, enriquecido e reinterpretado na transversalidade do espaço e do tempo.

A ação dos instrumentos da inteligência – a linguagem, as ferramentas e os artefatos, as instituições e as regras sociais – articulam uma dimensão coletiva para a inteligência, ratificada pela análise proposta por Lévy (1993:135), em que "... a inteligência ou a cognição são resultados de um rede complexa,... não sou eu que sou inteligente, mas eu com o grupo humano do qual sou membro. O pretenso sujeito inteligente nada mais é do que um dos microatores de uma ecologia cognitiva que o engloba e restringe".

As interconexões digitais, ao pontencializarem a conectividade, criam processos de inteligência coletiva em que indivíduos entram em complementaridade e sinergia, formando um sistema cognitivo em que todos têm competências, conhecimentos e experiências de vida para a produção da coletividade. A inteligência mostra-se com produto da aprendizagem, uma aprendizagem que se operacionaliza na diversidade. Cada nova aprendizagem abre linhas de tempo, novas linhas de aprendizado. É a inteligência das aprendizagens que resgatam as possibilidades humanas, fugindo das identidades e das representações cristalizadas e institucionalizadas.

As novas tecnologias da inteligência e da comunicação, explicitadas por suas redes digitais planetárias, precisam estruturar projetos emancipatórios na constituição de formas de inteligência coletiva, mais flexíveis e democráticas, que busquem a integração e a valorização das singularidades. Segundo Hugo Assmann (1998:13), a tecnologia deve apontar para "...a construção de um projeto de sociedade que traga em sua essência uma forma de pensar que permita a existência de vida antes da morte..." para os excluídos, para os com necessidades educativas especiais, para os sujeitos com problemas psíquicos, para os jovens de periferia desprovidos de capital cultural, condicionando uma forma de pensar mais coerente com a teia da vida.

A evolução do tratamento e a transmissão da informação ao longo da história da humanidade foram decisivas para forjar novas e mais evoluídas formas da inteligência coletiva. Com o avanço dos dispositivos de comunicação, a inteligência distribuída geograficamente, "... valorizada e sinergizada em tempo real..."(Fagundes,1997) , conquista uma dimensão planetária, em que coletividades tornam-se, mais do que nunca, desterritorializadas; segundo Assmann (1998:11), "...a humanidade se descobre reunida num único lugar comum".

texto retirado de uma disciplina da UFRGS, em http://www.niee.ufrgs.br/cursos/topicos2000/alunos2000/debora/i-coletiva.htm

...

Essa fase de estudos que inclui Pierre Lévy, Nicholas Negroponte, Theodore Kaczynski, Sthephen Johnson, Luciano Floridi , Castells e outros é uma das áreas de vanguarda no tratamento à informação e no futuro da sociedade. Kaczynski, lógico, o neo-ludita, entra aqui como contra-cultura, mas é sempre bom ter no corpo social algum discípulo de Thoreau. Ele deveria ser tratado ao invés de ter sido deixado sozinho com sua mente estranhamente lúcida mas armagedônica. Poderia ser um brilhante ativista e intelectual, a ponto de ser aplicado o aforisma de Charles de Gaulle no século passado, mas resolveu andar pelos caminhos sombrios do terrorismo ao invés do caminhos ds luzes. Quanto à frase de De Gaulle, foi usada a favor de Sartre:

"Não se prende Voltaire".

E viva a riqueza!

Don't feed the Trolls!

A brief history of Trolls

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Beat Box

Schopenhauer

Estou com pouco sono, tenho um compromisso daqui a 4 horas mas voltei bem de umas provas em um processo de emprego para uma consultoria. Feliz, depois de um tempo pegando vento no varal.

Na ida e na vinda, e também na última semana, tenho lido e já estou quase terminando a segunda novela de Irvin Yalom, A cura de Schopenhauer. O cara ficou conhecido na mundo literário pelo Quando Nietzche chorou, mas já tinha vários livros publicados em psiquiatria e psicanálise, principalmente em se tratando de terapias de grupo, que aliás é o ambiente de sua novela atual.

Schopenhauer é um cara, à primeira vista, estranho. Nunca precisou trabalhar, não tinha papas na língua por associações políticas e era tomado por um negativismo exacerbado, beirando a loucura. Sua mãe era a Danielle Steel de seu tempo, tendo também o salão literário mais bem freqüentado de Weimar, amiga de Goethe e com um tino libertário especial, viúva de um casamento ciumento muito jovem, com menos de 40 anos, e recebendo uma boa herança dos negócios comerciantes da firma Schopenhauer, que vendeu.

Arthur, solitário, sem necessidades de trabalho e tendo recebido uma educação clássica, resolve dedicar sua vida a se tornar um erudito, e acaba por receber a admiração de muitos dos seus compatriotas. Seu negativismo, olhado pelo seu prisma sobre o que é a experiência humana, faz sentido, tem sentimento libertador e muitas vezes, apesar de sua misogenia esconder uma falta de sexo e relações com prostitutas, é uma boa visão budista ocidental e precursora da filosofia de Freud, Spinoza e Nietzsche.

O carinha, do qual não conheço o corpo, foi um gênio interessantíssimo, com a fama de ser o filósofo com mais boas idéias da história depois de Platão. Há inúmeros artigos sobre ele na internet em uma rápida busca pelo google. Sobre citações do filósofo, tem uma coleção do citador e outra do wikiquote, dentre tantas outras.

O livro do psiquiatra tem a inusitada estirpe de intercalar a novela com fatos da vida do pensador, na ordem de um capítulo para cada tema, com uma vasta opinião do que significou a obra de Arthur Schopenhauer na história do pensamento, que é bem legal.

Estou adorando o livro, que me fez voltar a ter prazer na literatura. Porque ler ciência é pesado pra cacete.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Pergunta

Você é a favor do Sufrágio Universal?

Não entendeu? leia aqui para atiçar a curiosidade.

Lembrança: sufrágio não é naufrágio. Mas ainda não sei o que é fragio. O Google me perguntou se eu queria dizer frágil. Faz sentido.

Mas então o que seria o su- do sufrágio? Conheci que o prefixo "su-" (cognata do grego ευ-) significa "bom, bem", e então mosaicamente chego à conclusão de que o bem é frágil, então por isso o sufrágio tem o significado atual de manifesto de voto, sendo uma consequência lógica de seu significado original e mais um dos conceitos de onde nasce a democracia.

E isso tudo porque estava lendo sobre Saussure, Bloomfield e Sapir.

O que a linguística não faz pelo homem?

***

Atualização:

De acorco com o Aurélio, as palavras latinas fragille e frágiu são os conceitos de onde vêm as duas palavras, respectivamente frágil e frágio. Como não sei latim, por enquanto este estudo se finda aqui sem solução.

E eis uma das armadilhas da linguística.

sábado, 5 de julho de 2008

Top 10 Management Concepts

1. Five Competitive Forces Porter

2. Mind Mapping

3. 14 Principles of Management Fayol

4. Marketing Mix McCarthy

5. SWOT Analysis

6. BCG Matrix

7. 7-S Framework McKinsey

8. Competitive Advantage Porter

9. Balanced Scorecard Kaplan Norton

10. Break-even Point

This Top-10 of Management Concepts may be freely republished, provided www.12manage.com is mentioned as the source.

...

Cada vez mais aprendo essa arte que me fará um profissional. E tenho gostado.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Qualittà

""Quality", or "value" as described by Pirsig, cannot be defined because it empirically precedes any intellectual constructions. It is the "knife-edge" of experience, known to all. "What distinguishes good and bad writing? Do we need to ask this question of Lysias or anyone else who ever did write anything?" (Plato's Phaedrus, 258d). Likening it with the Tao, Pirsig believes that Quality is the fundamental force in the universe stimulating everything from atoms to animals to evolve and incorporate ever greater levels of Quality. According to the MOQ, everything (including mind, ideas and matter) is a product and a result of Quality."

Zen e a Arte da manutenção de motocicletas, a obra completa em formato digital, está aqui.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Meet the Hedgies

They donate islands to charity, think nothing of spending £7,500 on lunch and consider first-class air travel 'a sign of failure'. So what's it like being the wife of a hedge-fund manager? Not half as glitzy as you think, writes Julia Llewellyn Smith

In the main living-room of her townhouse in the Boltons in South Kensington, Lucie is stressed. Her pilates tutor should have been here ten minutes ago, the new Filipina maid folded the towels for the third guest bathroom all wrong and her husband's PA has just called to say he won't be able to make their anniversary dinner at Gordon Ramsay tonight as he has to entertain some bankers. Which is irksome, because Lucie has a pile of property brochures she wants to show him for the chalet they've decided to buy in Courchevel.

Friends have told them this is crazy - global warming might mean no more snow in 20 years - but Lucie and her husband have just donated £50 million to an environmental research charity, making them certain the problem will be sorted. Which reminds Lucie: if she can't see her husband tonight, she might as well get on with re-reading Das Kapital for her MPhil.

Welcome to the world of the hedge-fund couples, a world of unimaginable wealth, unparalleled luxury and tasteful discretion set off with occasional acts of philanthropy. Heirs to the Carnegies, the Rockefellers and the J P Morgans, who more than a century ago accrued astonishing fortunes and remade the face of corporate America, the hedge funders inspire fear and envy wherever they go, thanks to the astonishing sums of money they command and the fact that few outside the industry are sure exactly what it is they do.

Based mainly in London and New York, an estimated 9,000 hedge funds are believed to control $3 trillion of cash. Forming a relatively new and highly secretive industry, hedge funds are independent companies that invest the money of the super-wealthy. Unbound by the structures of banks, where a fund manager cannot take risks for fear of upsetting clients such as pension funds, these men (there are very few women) are free to use unconventional money-making techniques such as betting (or hedging) that a share price is going to fall.

Typically, a 'hedgie' picks up 20 per cent of the profit he makes for a client. 'Linda Evangelista boasted she didn't get out of bed for less than $10,000 a day; the joke now is hedge funders won't for less than $10 million,' says John, who runs a company marketing funds to new clients.

Inevitably, such a high-risk, high-return lifestyle attracts the highest of fliers. 'Hedge funds cream off the stars of the banking world, gunslingers who are frustrated by all the red tape and want to do things their way,' says John. Usually ex-bankers or traders, they flaunt their independent status by rejecting corporate pinstripes in favour of polo shirts and chinos, even at important client meetings.
Harry Becher, a fixer for Quintessentially, the upmarket concierge service that counts dozens of hedgies among its clients, confirms this. 'They're not rock stars or artists,' he says. 'But nor are they grey-suited number-crunchers. They're very interesting individuals.' No wonder that chronicler of modern mores Tom Wolfe described the hedgies in the launch issue of Portfolio, a new American magazine aimed at the ultra-rich, as the 'new masters of the universe'.

O resto do artigo, do Telegraph de Londres, aqui.

The Petabyte Age

"All models are wrong, but some are useful."

So proclaimed statistician George Box 30 years ago, and he was right. But what choice did we have? Only models, from cosmological equations to theories of human behavior, seemed to be able to consistently, if imperfectly, explain the world around us. Until now. Today companies like Google, which have grown up in an era of massively abundant data, don't have to settle for wrong models. Indeed, they don't have to settle for models at all.

Sixty years ago, digital computers made information readable. Twenty years ago, the Internet made it reachable. Ten years ago, the first search engine crawlers made it a single database. Now Google and like-minded companies are sifting through the most measured age in history, treating this massive corpus as a laboratory of the human condition. They are the children of the Petabyte Age.

The Petabyte Age is different because more is different. Kilobytes were stored on floppy disks. Megabytes were stored on hard disks. Terabytes were stored in disk arrays. Petabytes are stored in the cloud. As we moved along that progression, we went from the folder analogy to the file cabinet analogy to the library analogy to — well, at petabytes we ran out of organizational analogies.

At the petabyte scale, information is not a matter of simple three- and four-dimensional taxonomy and order but of dimensionally agnostic statistics. It calls for an entirely different approach, one that requires us to lose the tether of data as something that can be visualized in its totality. It forces us to view data mathematically first and establish a context for it later. For instance, Google conquered the advertising world with nothing more than applied mathematics. It didn't pretend to know anything about the culture and conventions of advertising — it just assumed that better data, with better analytical tools, would win the day. And Google was right.

Google's founding philosophy is that we don't know why this page is better than that one: If the statistics of incoming links say it is, that's good enough. No semantic or causal analysis is required. That's why Google can translate languages without actually "knowing" them (given equal corpus data, Google can translate Klingon into Farsi as easily as it can translate French into German). And why it can match ads to content without any knowledge or assumptions about the ads or the content.

...

Artigo completo aqui direto da Wired.

Nuevo 007

Prêmio Multishow da Música Brasileira 2008

A banda emo NX Zero foi a maior ganhadora do prêmio Multishow de 2008, levando os prêmios de melhor banda e melhor cantor. Sinceramente até gosto da melodia, um hardcore que me lembra dos tempos de adolescência ouvindo Nirvana, Iron Maiden e Pennywise, só que com as letras falando de assuntos que transcendiam sentimentalismos, que é tudo o que trata essas chamadas bandas emo-core. Sendo o NX Zero o expoente desse gênero no Brasil e sendo o Brasil em muitos assuntos um mero pimpolho das tendências mundiais, era uma barbada. Mas os rapazes até que cantam direitinho, e globalmente falando vale a pena ter um expoente emo nas terras brasilis, como forma de integração ao Zeitgeist. Só torço para que evoluam e deixem de chorar tanto.

Música: NX Zero - Razões e Emoções



Todos os Vencedores deste ano:

Melhor Clipe: Charlie Brown Jr. - Pontes Indestrutíveis
Melhor CD: Maria Rita - Samba Meu
Melhor Show: Ana Carolina - Dois Quartos
Melhor Instrumentista: Radamés Venâncio (pianista de Ivete Sangalo)
Melhor Grupo: NX Zero
Revelação: Strike
Melhor Música: Vanessa da Matta - Boa Sorte (Good Luck)
Melhor DVD: Ivete Sangalo - Ao Vivo no Maracanã
Melhor Cantor: Di Ferrero - NXZero
Melhor Cantora: Ivete Sangalo
Homenagem: Lulu Santos