sábado, 26 de setembro de 2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Castanha

Li este belo estudo sobre a obra de Carlos Castanheda, o antropólogo brasileiro que fez sucesso com a literatura de suas experiências com uma linhagem de conhecimento maia-tolteca. Li sua obra no período de uns 5 anos, e já há algum tempo não ouvia falar de suas experiências; eis que me volta a fantástica aventura de Carlito.
        
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       Carlos Castaneda (1935- 1998)  nasceu no Brasil, numa cidade do Vale do Paraíba, e passou a infância em uma fazenda próxima de Mairiporã, interior de São Paulo. A fazenda era de seu avô paterno, e sua mãe foi provavelmente uma emprega Castaneda declara que foi um ato sexual pobre, que os pais mal se deram conta do que haviam feito, pois eram muito jovens (15 e 17 anos). Teria passado a infância com visitas periódicas do pai nessa fazenda. Caçava. Fazia travessuras na cidadezinha próxima e saía correndo. Foi continuar seus estudos na Argentina, país que lhe agradou. Então, com ajuda paterna e muito esforço próprio foi para Los Angeles, fazer antropologia na UCLA. Era um aluno  aplicado. Namorou uma moça loira. Teve um filho, que não criou. Apesar disto, sempre gostou de crianças.
        Os livros de Castaneda são autobiográficos, e por ter um conteúdo extraordinário, por muitos são considerados fantasiosos. São um relato de seu aprendizado com Don Juan Matus e de suas experiências de iniciação à feitiçaria, entendida como um conhecimento formado a partir da antiga cultura tolteca pré-colombiana. Juan Matus é um nome falso, porque nomes tem poder, e não devem ser manipulados em vão. Castaneda estava se formando em sua faculdade quando partiu em pesquisa de campo afim de levantar dados para sua tese de doutorado, cujo assunto era o uso de plantas medicinais entre os índios mexicanos. Preencheu muitas páginas com anotações e entrevistas nessa pesquisa. Então resolveu ir atrás de informações sobre alucinógenos usados em rituais, como o peiote, a erva do diabo (estramônio) e o cogumelo mexicano. O peiote já havia sido objeto de pesquisa ocidental acadêmica. Sintetizaram o seu agente químico, a mescalina. Aldous  Huxley tomou essa droga e sua experiência serviu de base para o ensaio As Portas da percepção e Céu e Inferno.


        Através de um conhecido de Castaneda, Bill, ele teve um primeiro encontro com Don Juan, numa estação de ônibus. Bill havia falado que aquele velho sabia do assunto mas era intratável e vivia bêbado. Castaneda foi logo pedindo informações sobre o peiote, dizendo que sabia muitas coisas sobre isso quando na verdade sabia pouco. Don Juan captou sua mentira e refletiu-a com um olhar. Esse olhar marcou Castaneda. Mais tarde Don Juan afirmou que lhe mostrou pela primeira vez a segunda atenção. Envergonhado, Castaneda se preparou durante seis meses e voltou, descobrindo a casa de Don Juan por meio dos habitantes do vilarejo. Don Juan, muito caricato, o recebeu, e desde o início usou de subterfúgios, armou situações e explorou o sentido figurado das frases. Ele era um yaqui de Sonora, nascido por volta de 1875, mas é meio mítico. Nunca entrou em algum contato com o público ocidental e seus ensinamentos envolviam uma sutil manipulação da realidade perceptível. Pouco se sabe de seu passado. Teria perdido o pai e mãe ainda jovem. Era muito forte. Trabalhou em uma fazenda, sendo explorado por um empregado, que ele chama de pequeno tirano, como escravo. Levou um tiro dos capangas e foi achado e curado pelo seu benfeitor, nagual Julian. Um de seus primeiros ensinamentos - conforme relata Castaneda em seu terceiro livro, Viagem a Ixtlan - é para se apagar a história pessoal. Pois você tem de alimentar a opinião dos outros com ela, com relatos. Assim deve uma obrigação, fica fixo. Se começar a não falar realmente o que você faz, fala Don Juan, ficará envolto numa áurea de mistério.


        Ocorrem muitos desentendimentos entre o jovem estudante e o velho índio. Castaneda passa a impressão que é inepto e medroso. Mas essa é uma artimanha e uma forma humilde de passar sua mensagem. Para se livrar das amarras da realidade consensual e entrar na consciência e percepção mágica, adquirindo fluidez, o bruxo tem que preencher muitos requisitos e fazer muitas tarefas, até mergulhar no mistério da essência e adquirir a percepção extraordinária conhecida como ver. Há muitas coisas para se ver, como os ovos luminosos, a realidade última do ser humano. Essas revelações foram dadas aos poucos por Don Juan. Castaneda foi entrando profundamente até se ver engolido pelo sistema de crenças que se dispôs a estudar como antropólogo. Os dois primeiros livros,A erva do diabo- um caminho yaqui para o conhecimento (no título original Os ensinamentos de Don Juan) e Uma estranha realidade, lançados em 1968 e 1971, falam das experiências com alucinógenos. Mas Castaneda, que estava adquirindo prática na feitiçaria, retoma o início da aprendizagem de 1960, 1961 no terceiro livro, de 1973 - Viagem a Ixtlan. Don Juan no princípio se recusou a falar do peiote, e as experiências alucinógenas, de fato, não são a parte principal do pensamento do autor, como ficou disseminado. Cada capítulo em Viagem a Ixtlan funciona como uma martelada. O objetivo de Don Juan desde o princípio foi fazer o aprendiz parar o mundo. O mundo é o que é porque desde o início das nossas vidas somos obrigados a empregar um sistema de interpretações pela influência dos mais velhos em nós. Com um inventário de memórias e de ítens, e com um diálogo interno progressivamente mais complexo, nossa percepção se torna fixa e enxergamos o mundo da mesma forma todos os dias. Assim, parar o mundo é parar o modo como o Ego conduz subjetivamente nossa consciência. Don Juan bombardeou sucessivamente o Ego de Castaneda, realçando sua pequenez diante da eternidade e da vida. É preciso perder a importância própria para apreciar realmente o mundo ao redor. A vaidade faz com que nos ocupemos com nossos problemas como se fôssemos a coisa mais importante do mundo, e nós tratamos a realidade com uma mesquinharia tremenda. Assim, um bom exercício para se perder a importância própria é conversar em voz alta com as plantas.


        De fato, se compararmos os acontecimentos ordinários com a morte, eles perderão a importância. Por isso a morte deve ser usada como uma conselheira. Devemos perguntar à ela, ensina Don Juan, se já chegou a hora de seu toque. Sem Castaneda falar nada, Don Juan viu nele o dia em que sua morte deu um aviso. Foi quando ele era criança e estava caçando um falcão albino. Don Juan também fez Castaneda ver uma sombra de relance. Era sua morte. Ela sempre está à nossa esquerda, a um braço de distância. No O Fogo Interior, livro que relata as experiências na segunda atenção, com a consciência em estado intensificado, Castaneda explica melhor. A morte é uma sombra negra na luminosidade da pessoa que chega a ficar do tamanho dessa e dar uma estocada na fenda que temos no ovo luminoso, debaixo do umbigo. A força rolante, uma força do universo martela nesse ponto sem cessar, até que a pressão se torna muito forte e o casulo se enrola, como um tatu-bola, e é levado para ser consumido.


        Em 1961, Castaneda aprendeu a ser um caçador. Um caçador é humilde, fala pouco e caça o necessário. Não tem rotina, pois são elas que fazem o mundo parecer fixo e maçante. A rotina cria uma força, que enfraquece e molda os hábitos. Devemos romper com ela. Castaneda conseguiu romper com ela fazendo coisas como escrever noturnamente e comer apenas quando sentia fome. Don Juan passa a levar mais a sério e se dispor mais com Castaneda quando percebe augúrios ou presságios do espírito, indicando Castaneda como discípulo. Um feiticeiro sabe ler o mundo, e o Espírito dá sinais o tempo inteiro para quem sabe observar. Don Juan adverte que corvos não são simples corvos. Podem muito bem dar indicações importantes para as pessoas, como o sentido em que se deve prosseguir. Don Juan tinha uma ligação com corvos. Na verdade, adorava-os.


        Um bruxo, ou guerreiro assume a responsabilidade por seus atos. Cumpre sua missão de forma impecável, e não se preocupa com as conseqüências. Uma maneira de ser impecável é seguir o caminho do guerreiro, que é um modo ético de se servir o Espírito. Um guerreiro é inacessível. toca o mundo sem exagero e não está disponível para o capricho das pessoas. Mas caça o poder, se mostrando para ele.


        No breu absoluto da noite do deserto mexicano, Don Juan ensina à seu aprendiz o passo do poder. Fala para ele confiar no nosso seu poder pessoal, e usar de passo especial, levantando o joelho até o abdômen. Assim, pode-se correr à noite. É uma maneira de desenvolver seu propósito, sua intenção. Matreiramente, Don Juan observa que um velho como ele correr a noite no deserto seria suícidio, não fosse o passo de poder. E para incentivar Castaneda, dá pequenas voltas troteando em torno dele, dizendo que não sabe caminhar nestas condições, só correr. Sozinho na escuridão, Castaneda precisa seguir o pio de coruja de Don Juan para chegar até ele. Mas, depois de um tempo, o pio passa a ser imitado pelos entes da noite. Assim, Castaneda narra um primeiro contato marcante com os seres inorgânicos. Os seres inorgânicos são melhores explicados no último livro, A arte de sonhar. Sonhar significa sonhar com um propósito, consciente e controlando os sonhos. O primeiro portão do sonhar se atinge quando estamos conscientes de estarmos caindo no sono. Um exercício para treinar a atenção é olhar as mãos no sonho. Assim, você se lembra de uma ordem dada quando estava acordado. Olhando para um item e para sua mão, sucessivamente os sonhos não se alteram. É uma técnica um tanto rudimentar, mas de início, dá resultado. O segundo portão se atinge pulando de um sonho para outro, ou acordando de um sonho para outro sonho. A verdadeira tarefa do segundo portão é isolar e seguir um batedor. Um batedor é um ser de alguma parte do universo infinito que freqüenta os nossos sonhos, sem sabermos. Os seres inorgânicos mandam batedores para os nossos sonhos. Eles se destacam nos sonhos porque são objetos estranhos. Os seres inorgânicos podem se tornar aliados de um bruxo, conversar telepaticamente. Não são bons nem maus, mas aos olhos de quem não vê são apavorantes. Tem um poder muito grande. Castaneda relata diversas aparições desses seres enquanto estava acordado. Os bruxos antigos adoravam seus aliados. A nova linhagem os vê com mais distância. A nova linhagem surgiu com a reagrupamento de bruxos depois da conquista espanhola, que massacrou populações. Don Juan fazia parte dessa linhagem, cujo objetivo é alcançar a liberdade e o abstrato, atingir um estado explicado em O fogo interior como a terceira atenção, quando todos os lugares que o ponto de aglutinação do bruxo esteve são acendidos de uma só vez, e ele se torna o que realmente é, uma explosão de energia. Os bruxos dessa linhagem não são necessariamente índios. Há o relato de diversos brancos que participaram dela. Don Juan faz uma crítica ao poder mesquinho que a segunda atenção pode despertar. Alguns usam esse poder para se apegar às coisas do mundo, como o dinheiro ou fixar a atenção em outras pessoas até fazer-lhes mal. O homem tem um lado sombrio que é refletido também na segunda atenção.


        Falando em voz alta sua intenção no sonho, pode-se seguir um aliado até o reino deles. O reino deles é descrito como tendo várias partes e três tipos de seres inorgânicos. É escuro e cheio de corredores. Castaneda fez diversas visitas para esse reino, até que caiu numa armadilha e ficou preso lá. Don Juan reuniu seu grupo e foi buscá-lo, com o corpo físico. Assim, Castaneda ficou livre para o terceiro portão. O terceiro portão é alcançado quando vemos a nós próprios dormindo. O guerreiro está preparado para esse momento, e em vez de acordar, como fariam a maioria das pessoas, passa a examinar o lugar que seu corpo está dormindo. Porque ele está no corpo energético. Através da prática do sonhar, chega-se ao corpo energético, ou corpo sonhador. Nesse portão o corpo sonhador move-se como a energia, rápida e diretamente. O quarto portão é alcançado quando se sonha o mesmo sonho junto com outra pessoa. Castaneda sonhou com um bruxo pré colombiano e voou nas asas do intento. O intento é a força que permeia tudo, perscrutando o ser e o tornando consciente. O intento é a potência do espírito. O bruxo desenvolve seu intento através da vontade. Com um propósito inflexível, se põe num nível maior que ele mesmo, mais louco do que poderia imaginar. Mas esse são os ensinamentos da segunda atenção. O bruxo de que falei é conhecido como o inquilino, ou o desafiador da morte. Pegando energia dos naguais da linha de Don Juan, consegue fechar sua fenda e escapar da morte. É um grande feiticeiro, poderosíssimo, o último da original linhagem tolteca vivo. Vive num espaço diferente, como em sonho. Castaneda se encontrou com ele e ficou dez dias na segunda atenção. A segunda atenção é o círculo extra de poder que o bruxo desenvolve. As pessoas tem um círculo de poder que é posto em funcionamento no momento em que nascem. Ele faz com que vejamos o mundo. O feiticeiro desenvolve um segundo círculo de poder, para perceber mais. É uma metáfora. A atenção é o resultado final da percepção. É o estado de vigília incessante. A primeira atenção é a do mundo ordinário, a segunda faz parte de uma coisa maior, como ver energia. A atenção do ser humano é divida pelo tonal e o nagual. O tonal é tudo o que podemos imaginar e consta na nossa mente e no nosso inventário. O nagual faz parte da atenção do ser consciente de sua luminosidade. Se tudo o que conhecermos for posto numa mesa, todos os itens, poderíamos supor que a mesa é o tonal. O universo à volta é nagual. O bruxo sai da segurança do tonal para encarar o inconcebível. Essa teoria é exposta no quarto livro, Porta para o Infinito. Para desenvolver a segunda atenção, é necessário não fazer. Fazer é o que torna o mundo do jeito que o enxergamos. Uma pedra só é uma pedra porque conhecemos o fazer necessário para isso. Não fazer seria tudo aquilo que nós não temos um valor cognitivo. É o corpo quem Não faz. É um método, conseguido por coisas estranhas à razão, que torna o mundo diferente. O mundo é uma sensação, e a realidade é uma interpretação. Não fazer é necessário para parar o mundo. Um ponto importante para se seguir adiante no aprendizado é conseguir parar o diálogo interno. O diálogo interno é mais uma coisa que mantém a percepção fixa, sendo necessário pará-lo e ficar apenas sentindo para romper com o esquema de direção e  norteamento que a razão dá. Assim, pode-se entrar num transe e outras coisas. 
  
        Em um certo período, Castaneda teve de se preocupar com seu adversário valoroso,La Catalina. La Catalina era uma conhecida de don Juan, amistosa com ele. Mas ele falou que era sua inimiga para Castaneda enfrentá-la e usar tudo que tinha aprendido. Ela o atacou, se transformava em pássaro e usave de outros meios para apavorá-lo.



        Depois que Castaneda se tornou realmente aprendiz de Don Juan, este deu plantas de poder para ele. Elas era necessária para Castaneda vencer sua razão. A razão nos faz encarar o mundo de forma rígida, não admitindo percepções extraordinárias. Para ficar mais fluído, Castaneda tomou essas plantas. Mascou peiote e viu um cachorro brilhando, seus fluídos internos. Don Juan interpretou como o Mescalito, divindade contida na planta de peiote. Mescalito ensinou uma canção à Castaneda. Sob a influência do mescalito e de Don juan, adquiriu a percepção de um corvo. Sentiu seu corpo se transformando em um, e voou com seus companheiros pássaros. Foi o inquilino que ensinou essa técnica para Don Juan, que a passou para Castaneda.  Castaneda também usou a erva do diabo. Don Juan alerta que é uma planta perigosa e muito poderosa, cheia de caprichos. Faz-se um extrato da planta, e passa-se pelo corpo. Não pode passar na testa. Castaneda passou e entrou fundo na Segunda atenção. Com dois lagartos, um no ombro falando para ele, teve muitas visões. Fez uma pergunta acerca do mundo real e ela foi respondida.
  
        E Castaneda teve suas experiência com um fumo de cogumelo alucinógeno. Viu o guardião do outro mundo, uma aberração gigantesca. Quando estava entrando na segunda atenção, fixou-a num mosquito, e viu a aberração. Não quis mais fumar, e ficava desesperado quando Don Juan sugeria o uso. Igualmente desesperado ficava quando Don Genaro, um companheiro de Don Juan, lhe mostrava o não fazer. Don Genaro era extremamente potente, brincalhão e alegre. Tinha outros aprendizes, Pablito, Nestor e Benigno. Genaro mostrou as linhas de energia do mundo. Pulava para uma montanha a quilometros de distância. E quando Castaneda perguntava como isso era possível, a visão desaparecia. Tinha muitas danças de poder. O grupo todo de Don Juan tinha dezesseis pessoas, sendo que doze mulheres. Depois que Don Juan foi embora, Castaneda teve um período de interação com os outros aprendizes. Foi muito conflitante. Destacava-se Elena, a La Gorda, que o ajudou a se lembrar da sua segunda atenção e a organizar seu saber. Castaneda brigou com Soledad, suposta mãe de Pablito. Fez o seu duplo sair algumas vezes. Esses relatos estão no amedontrador livro O Segundo círculo do poder. No livro seguinte, O presente da Águia, depois de mais interações com os aprendizes, Castaneda conta que se lembrou da segunda atenção.
        O seu aprendizado se divide em duas partes: uma de 1960 a 1965, quando deixou o aprendizado, outra de 1968 a 1973, quando Don Juan partiu do mundo. A última instrução direta de Don Juan para Castaneda foi para ele pular de um abismo, e entrar totalmente no lado esquerdo, ou segunda atenção. Castaneda pulou, e depois de uma série de visões, voltou a terra. Nunca mais viu Don Juan. Mas, se lembrando do lado esquerdo, são outros livros com ensinamentos mais profundos. Castaneda aprendeu o regulamento que fala da Águia. A Águia seria a fonte de tudo, responsável por uma realidade transcedente, que forma o mundo. O mundo é constituído de filamentos infinitos de energia, que exudam consciência e provém da Águia, pois emanam dela. É o poder que governa o destino de todos os seres vivos. O vidente olha a Águia e quatro relâmpagos revelam como ela é e o que está fazendo. A Águia está devorando a consciência de todas as criaturas mortas, pois consciência é o seu alimento. Como uma recicladora de matéria espiritual. A Águia é impiedosa, e com ela não se brinca. Ela concede um presente a cada uma nas criaturas vivas: o de perpetuar a consciência depois da morte. Para isso, a criatura tem que buscar a abertura. Para se guiar até essa abertura, a Águia criou o nagual. O nagual é uma criatura duplicada, que tem o poder de ser um conduto do espírito. Por causa disso, os seres que conduzem ao nagual (segunda atenção) são chamados de naguais. Os naguais tem quatro compartimentos de energia, enquanto as criaturas normais tem apenas dois. Don Juan e Castaneda são naguais. Só que Castaneda não é um nagual completo, pois tem só três compartimentos. Don Juan havia se enganado na interpretação de sua visão. Os outros quatro tipos de criaturas , nos homens, são: os homens de conhecimento, estudiosos. O segundo é o homem de ação. O terceiro é o organizador por trás dos bastidores, misterioso, o quarto é o mensageiro. Seu papel é viajar adiante do nagual e contar seu relato. Não funciona por si só. No grupo de Don Juan, Vicente é do primeiro tipo, Genaro do segundo, Silvio Manuel do terceiro. As mulheres , além das naguais, são de quatro tipos, ou quatro direções: norte, sul, leste e oeste, cada qual com características predominantes de essência e comportamento. As mulheres podem ser sonhadoras ou espreitadoras.


        Na realidade transcendente das emanações da Águia, os videntes descobriram, ao ver um ovo luminoso, que a consciência é um brilho e pode ser usada como um elemento do ambiente. Pode se fundir na água e usá-la para viajar na segunda atenção. Nessa interpretação, o ovo luminoso também é constituído de emanações da Águia. É um casulo luminoso, e as emanações que estão dentro se alinham com as que estão fora. A percepção é o alinhamento, quando há a compatibilidade entre o ser e o exterior, se constrói o mundo. O mundo não é fixo, pois é infinito. Apenas uma ínfima parte das emanações são percebidas pelos humanos, reduzida ainda mais pela consciência cotidiana. Essa pequena parte é selecionada por um ponto no casulo: o ponto de aglutinação da percepção. Esse ponto seleciona uma parte das faixas que compõe o universo e fixa um mundo. São infinitas posições, mas uma, que a humanidade atualmente usa é a da razão. O ponto de aglutinação está fixo em um lugar na humanidade. Quando isso acontece, vêm o esquecimento de outras posições, e no caso, vem o esquecimento da condição do homem como criatura de pura energia, de luz, assim como o mundo. Para movê-lo, os bruxos desenvolveram três técnicas, a da espreita, a da consciência e a do sonho.


        Espreitar consiste em controlar o comportamento. Quando se comporta de maneira fora do usual, o ponto de aglutinação se move um pouco. Dá para usar seu comportamento para um objetivo em mente, iludir as pessoas, etc. Espreitar possui várias técnicas sutis. A mestria da consciência e desenvolvida a partir de ver. É poderosa, consiste na elaboração de técnicas enquanto videntes. A outra mestria é a do intento.


        O ponto máximo, a coroação do desenvolvimento da segunda atenção implica uma maneira alternativa de morrer. Um homem de conhecimento que manipulou seu ponto de aglutinação em muitos lugares pelo ovo luminoso e recapitulou sua vida pode passar pela Águia e ser iluminado pelo Fogo Interior. Castaneda fala que isso aconteceu com Don Juan. Todas as células de seu corpo se tornaram conscientes de si mesma, e todas as emanações contidas no interior do casulo são iluminadas. Passou então para outro plano de existência, outro mundo. Definitivamente.  Quando se dorme, o ponto de aglutinação se move levemente para a esquerda, criando o sonho. Sonhar é usado para fixar a nova posição do ponto de aglutinação. O ponto crucial de toda a feitiçaria é mover o ponto de aglutinação. Castaneda diz também, que ele é a espinha atravessada na garganta da humanidade, que não sabe de sua existência. O caminho do guerreiro é um modo de fechar as os pontos de escape, e economizar energia, necessária para ver. Considerando o lado mágico da consciência, Castaneda fala que fez uma recapitulação completa de sua vida. Recapitulou todas as interações com todas as pessoas, minuciosamente. Assim , ficou livre para sonhar.


        Carlos Castaneda influenciou muitos jovens interessados em adentrar no mistério da consciência, alterando sua percepção e buscando interpretações alternativas do mundo. Muitos são os autores exotéricos e esotéricos que beberam dessa fonte, pois em muitos pontos seu trabalho . O antigo grupo, de Pablito e La Gorda se dissolveu, pois Castaneda não era o líder apropriado para eles. Castaneda conta que passou a interagir com um novo grupo, reunido por Don Juan antes de morrer, e formado por mulheres, Florinda Donner Grau, Taisha Abelar (que escreveram livros) e Carol Tiggs. Existem muitos pretensos herdeiros de sua obra, e m,mesmo uma corporação fundada sob seu nome que vende exercícios de "passes mágicos". Em todo caso, numa obra deste teor, surgem sempre inevitáveis dúvidas. Como por exemplo, ele explicaria o fato de passar dias em consciência intensificada e não se lembrar depois, nem dar conta disso quando estava normal? Nem sequer supunha saber algo a mais, como descreveu no Segundo círculo do poder. E a guinada de estilo que aconteceu entre o livro O poder do silêncio e o A Arte de sonhar?  No mês de junho de 1998 veio a notícia, discreta, de sua morte. Um furo do jornal Los Angeles Times. A agente do autor revela que ele morrera dois meses antes, de câncer. Como ele mesmo relata, jamais conseguiu reunir conhecimento suficiente para se tornar um feiticeiro do porte de seus mestres. Fica a dúvida se o contato com don Juan fez bem ou não para ele, visto que 24 anos depois da morte de seu guia, ainda estava tentando recordar tudo o que acontecera, e continuava falando do velho índio. Ainda vivia sob a sombra de Don Juan ou apenas explorava o valor literário desse fascinante personagem? Uma coisa é influenciar um indivíduo a tal ponto que ele queira viver sob a  mesma regência que a sua, mas depois de ensinado e feito tudo o que podia, esse indivíduo tem que ter a heteronomia de buscar ir além, ao mesmo não entrar em círculos viciosos de consciências, que tudo o que fazem são enfraquecer. Principalmente se tratando de um mundo tão sério e tão impiedosamente cruel e difícil como o mundo da energia, da consciência intensificada. De qualquer forma estamos em dívida. O contato com uma cultura diferente é sempre engrandecedor, e podemos divisar o fim do etnocentrismo quando um antropólogo  de cultura ocidental estudando povos indígenas admite para si e para o mundo que seu objeto de estudo é mais vasto e  profundo do que o de sua formação. 

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Coisa de Índio

Aqui no Brasil, perante a justiça, ser índio não é ser pleno cidadão, pois não se considera um indígena capaz de exercer completamente suas responsabilidades legais. Esquecem os europeus que eles também são índios da Europa, e que estão cometendo uma feia ignorância etnocêntrica ao considerar os nativos incapazes de exercer jurisprudência.

"Pode-se não perceber nada na superfície, mas nas profundezas o inferno está em chamas"
- Y. B. Mangunwijaya, escritor indonésio, 16 de julho de 1998

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Religious

A identidade da marca | Laymert Garcia dos Santos*


Em 1990, o filósofo Gilles Deleuze escreveu em "Post-Scriptum Sobre as Sociedades de Controle": "Trata-se de um capitalismo de sobreprodução. Não compra mais matéria-prima e já não vende produtos acabados: compra produtos acabados ou monta peças destacadas. O que ele quer vender são serviços e o que quer comprar são ações. Já não é um capitalismo dirigido para a produção, mas para o produto, isto é, para a venda ou para o mercado. (...) O serviço de vendas tornou-se o centro ou a 'alma' da empresa. Informam-nos que as empresas têm alma, o que é efetivamente a notícia mais aterradora do mundo. O marketing é agora o instrumento de controle social e forma a raça impudente de nossos senhores".

A aguda percepção de Deleuze sobre as transformações de fundo no capitalismo contemporâneo impõe-se com tamanha força durante a leitura de "Sem Logo" que parece quase impossível não ver boa parte do livro como sua involuntária ilustração. Isso, porém, não diminui em nada o mérito do trabalho de Naomi Klein, publicado dez anos depois _até porque ao panorama da expansão estratégica das marcas ela contrapõe a disseminação das lutas que se desenvolveram durante toda a década contra as corporações e que ainda não haviam despontado no cenário político internacional quando o filósofo escreveu o texto acima. Trata-se de um livro militante, escrito em linguagem jornalística, que deve ser lido na esteira do movimento antiglobalização, portanto à luz das revoltas de Seattle, Montreal, Washington, Gênova e das reuniões do Fórum Social Mundial de Porto Alegre.

Como esclarece a autora, na "Introdução": "O título 'Sem Logo' não deve ser interpretado como um slogan literal (como em "Chega de Logomarcas!") ou como um logo pós-logo (já existe uma linha de roupas "No Logo", ou assim me disseram). Em vez disso, é uma tentativa de apreender uma atitude anticorporação que vejo surgir em muitos jovens militantes. Este livro apóia-se em uma hipótese simples: quando mais pessoas descobrirem os segredos das grifes da teia logo-mundial, a revolta estimulará o próximo grande movimento político, uma grande onda de oposição dirigida contra corporações transnacionais, particularmente aquelas com marcas muito conhecidas". Agentes de significado A jornalista canadense concebeu seu livro em quatro blocos: "Sem Espaço", "Sem Opções", "Sem Empregos" e... "Sem Logo".




Os três primeiros descrevem criticamente a formação de uma rede tentacular de marcas que ambiciona colonizar o planeta, conquistando os corações e as mentes por meio de sua onipresença e valorização incessante; o último procura mapear as manifestações que, nascendo nos "campi" e nas comunidades, nas ruas ou na cena cultural, nos tribunais ou na internet, no Primeiro ou no Terceiro mundos, fizeram da rebeldia contra as marcas e da atitude anticorporação o vetor de expressão da resistência à globalização neoliberal. Como se Klein pretendesse primeiro nos fazer ver a força específica do capitalismo na era do marketing, para depois esboçar as linhas de contra-ataque.

Vamos, porém, por partes. Os capítulos de "Sem Espaço" narram o deslocamento de foco da fábrica para a empresa, da fabricação para a promoção de vendas e principalmente das coisas-produtos para as imagens de marca. Vários autores já apontaram a importância socioeconômica desse processo de "desmaterialização" e dele tiraram as mais variadas conclusões. Aqui, entretanto, interessa saber como a Reebok, a Disney, a Levi's, a Calvin Klein ou a Body-Shop passam de fabricantes de produtos a "agentes de significado", já que o "branding" consiste em desenvolver a espiritualidade do produto como encarnação da transcendência corporativa. Como escreve Naomi Klein: "Se as marcas são 'significado' e não características de produto, então a maior proeza do 'branding' surge quando as empresas fornecem a seus consumidores oportunidades não apenas de comprar mas de experimentar plenamente o significado de sua marca". Assim, num mundo completamente desencantado e dessacralizado, a mercadoria emerge efetivamente como fetiche, não só no sentido conferido por Marx, mas também como uma aura que será louvada pelas corporações e adorada pelos consumidores.


Culto da marca

Apagando as fronteiras entre comércio, religião e cultura, o marketing promove o culto obsessivo da marca, cuja presença se revela não só na paisagem urbana ou nas telas eletrônicas mas também na música, nos esportes, nos eventos comunitários e escolares, e até mesmo nos banheiros das universidades! Tanto a esfera pública quanto a privada se vêem portanto crescentemente invadidas e remodeladas, todo espaço atual ou virtual torna-se passível de apropriação, inclusive o próprio corpo do consumidor, a ponto de o jovem empresário da internet, Carmine Collection, assim justificar sua decisão de tatuar o logo da Nike no umbigo: "Acordo toda manhã, pulo para o chuveiro, olho para o símbolo e ele me sacode para o dia. É para me lembrar a cada dia de como tenho de agir, isto é, 'Just do It'".




Com efeito, quando o "branding" passa a imaginar no lugar do inconsciente, o conceito de cidadão já foi absorvido pelo de consumidor e o de indivíduo é desconstruído e recombinado, lendo como as corporações "processam" as questões da identidade pessoal e da diversidade étnica e sociocultural, parece que na perspectiva do capitalismo global a única identidade que ainda faz sentido e deve ser preservada é a identidade da marca. A ocupação dos espaços é acompanhada de um encolhimento progressivo das alternativas. No bloco "Sem Opções", a autora explora como as corporações combatem as marcas concorrentes e asseguram sua onipresença por meio do sistema de franquias (que leva à canibalização dos pontos de venda), das fusões (que tornam imbatível a sinergia das empresas gigantes) e da censura corporativa (que não tolera um arranhão na imagem das marcas, no momento mesmo em que pratica a marcação de nossos corpos e mentes). Basta lembrar que o McDonald's travou uma batalha de 26 anos contra um homem chamado Ronald McDonald, cujo McDonald's Familly Restaurant, em uma minúscula cidade em Illinois, funcionava desde 1956...

O terceiro bloco, "Sem Emprego", é dedicado ao descarte da fábrica, à flexibilização do trabalho e à transformação dos criadores de emprego em criadores de riqueza. Em suma, aqui Naomi Klein trata da degradação das condições de produção e de vida dos trabalhadores como a outra face da glorificação das marcas e supermarcas. Não há mais valor em produzir coisas: o valor é agregado pela pesquisa, pela inovação e pelo marketing.


O toque de Midas

Como "imagem é tudo", as empresas terceirizam alegremente a produção, concentrando-se na dimensão incorpórea. Uma incursão da jornalista em Cavite, na Indonésia, permite então descobrir como os tênis, computadores, roupas etc. são produzidos em condições subumanas, nas chamadas zonas de livre comércio _hoje 27 milhões de pessoas vivem e trabalham nesses bolsões do Terceiro Mundo que constituem o paraíso da "globalização de risco zero" e o inferno da superexploração da mão-de-obra. Trabalho infantil, violência, achatamento salarial, horas extras, medo e ameaça constante de fechamento das fábricas, segregação: vale tudo para fazer com que um tênis vendido por US$ 120 na Nike Town de São Francisco custe US$ 2 para ser produzido na Indonésia; ou que a camiseta Pocahontas da Wal-Mart se equipare a quase cinco dias de salário dos operários que a confeccionaram no Haiti. Na outra ponta, os executivos globais que consumam o processo de desmaterialização são contaminados pelo "toque de Midas" que o halo das marcas lhes dá e se tornam eles próprios "superstars". Finalmente, "Sem Logo" discute a contestação às marcas e às corporações.

Primeiro a esperta "culture jamming", que consiste na apropriação indébita dos logos, seja desvirtuando seu significado, seja desrecalcando toda a sua perversidade latente. A ela se acrescentam a reivindicação de espaços não-colonizados, expressa pelo bem-humorado movimento de resgate das ruas e as campanhas de ataque e boicote às marcas, particularmente à Nike, à Shell e ao McDonald's, cujas histórias são relatadas no livro. Questionadas e pressionadas, as corporações tentaram preservar sua imagem formulando "códigos de ética empresarial". Mas já era tarde demais: no final da década o conflito extrapolara para além da marca, somara-se a outros processos e lutas, engrossando o movimento de resistência à globalização. Agora os sem-terra, os índios de Chiapas, os militantes de todas as causas, os ambientalistas, as minorias do Primeiro e do Terceiro mundo formam uma "coalizão de coalizões" para afirmar que "um outro mundo é possível". Até que ponto tal movimento configura a existência de alternativa(s) à globalização neoliberal é, evidentemente, uma questão em aberto. De todo modo, algo está acontecendo. Otimista, Naomi Klein arrisca: "Deve ter alguma coisa, acho eu, com a própria definição de revolução".

*professor de sociologia na Universidade Estadual de Campinas
Resenha do livro Sem Logo - A Tirania das Marcas em um Planeta Vendido de Naomi Klein
publicado pela Editora Record.
Publicado na Folha de S. Paulo em 11/05/2002

Rizoma, Simulacro e Capital

"Trata-se de um capitalismo de sobreprodução. Não compra mais matéria-prima e já não vende produtos acabados: compra produtos acabados ou monta peças destacadas. O que ele quer vender são serviços e o que quer comprar são ações. Já não é um capitalismo dirigido para a produção, mas para o produto, isto é, para a venda ou para o mercado. (...) O serviço de vendas tornou-se o centro ou a 'alma' da empresa. Informam-nos que as empresas têm alma, o que é efetivamente a notícia mais aterradora do mundo. O marketing é agora o instrumento de controle social e forma a raça impudente de nossos senhores"

Deleuze, em "Post-Scriptum Sobre as Sociedades de Controle", nos idos 1990!

Toxicity

Nome da música do SOAD, claro. Esse clássico do System of a Down tocado por essas gatas ficou (faltam-me as palavras pra descrever tamanha beleza).

domingo, 20 de setembro de 2009

Marque-se

O título parece dúbio, mas tenho a idéia de que uma marca não difere em nada da marca judaica de cain, que todos conheciam naquela cultura. Fazer uma marca, marcar-se, é como ser um Zorro, um desenhista, alguém que tem a coragem suficiente para concretizar uma idéia, com suas dores e delícias. O post:


Best Global Brands 2009

Este é o ranking de 2009 das 100 mais valiosas marcas do mundo criado pela renomada consultoria de marketing Interbrand (clique para ver mais detalhes), empresa que foi fundada na cidade de Londres em 1974. Os valores representam $ bilhões.

1 Coca-Cola (Estados Unidos) - 68,734
2 IBM (Estados Unidos) - 60,211
3 Microsoft (Estados Unidos) - 56,647
4 GE (Estados Unidos) - 47,777
5 Nokia (Finlândia) - 34,864
6 McDonald’s (Estados Unidos) - 32,275
7 Google (Estados Unidos) - 31,980
8 Toyota (Japão) - 31,330
9 Intel (Estados Unidos) - 30,636
10 Disney (Estados Unidos) - 28,447
11 Hewlett-Packard (Estados Unidos) - 24,096
12 Mercedes-Benz (Alemanha) - 23,867
13 Gillette (Estados Unidos) - 22,841
14 Cisco Systems (Estados Unidos) - 22,030
15 BMW (Alemanha) - 21,671
16 Louis Vuitton (França) - 21,120
17 Marlboro (Estados Unidos) - 19,010
18 Honda (Japão) - 17,803
19 Samsung (Coréia do Sul) - 17,518
20 Apple (Estados Unidos) - 15,433
21 H&M(Suécia) - 15,375
22 American Express (Estados Unidos) - 14,971
23 Pepsi (Estads Unidos) - 13,706
24 Oracle (Estados Unidos) - 13,699
25 Nescafé (Suiça) - 13,317
26 Nike (Estados Unidos) - 13,179
27 SAP (Alemanha) - 12,106
28 Ikea (Suécia) - 12,004
29 Sony (Japão) - 11,953
30 Budweiser (Estados Unidos) - 11,833
31 UPS (Estados Unidos) - 11,594
32 HSBC (Inglaterra) - 10,510
33 Canon (Japão) - 10,441
34 Kellogg’s (Estados Unidos) - 10,428
35 Dell (Estados Unidos) - 10,291
36 Citi (Estados Unidos) - 10,254
37 JPMorgan (Estados Unidos) - 9,550
38 Goldman Sachs (Estados Unidos) - 9,248
39 Nintendo (Japão) - 9,210
40 Thomson Reuters (Canadá) - 8,434
41 Gucci (Itália) - 8,182
42 Philips (Holanda) - 8,121
43 Amazon (Estados Unidos) - 7,858
44 L’Oreal (França) - 7,748
45 Accenture (Estados Unidos) - 7,710
46 eBay (Estados Unidos) - 7,350
47 Siemens (Alemanha) - 7,308
48 Heinz (Estados Unidos) - 7.244
49 Ford (Estados Unidos) - 7,005
50 Zara (Espanha) - 6,789
51 Wrigley’s (Estados Unidos) - 6,731
52 Colgate (Estados Unidos) - 6,550
53 AXA (França) - 6,525
54 MTV (Estados Unidos) - 6,523
55 Volkswagen (Alemanha) - 6,484
56 Xerox (Estados Unidos) - 6,431
57 Morgan Stanley (Estados Unidos) - 6,399
58 Nestlé (Suiça) - 6,319
59 Chanel (França) - 6,040
60 Danone (França) - 5,960
61 KFC (Estados Unidos) - 5,722
62 Adidas (Alemanha) - 5,397
63 Blackberry (Canadá) - 5,138
64 Yahoo! (Estados Unidos) - 5,111
65 Audi (Alemanha) - 5,010
66 Caterpillar (Estados Unidos) - 5,004
67 Avon (Estados Unidos) - 4,917
68 Rolex (Suiça) - 4,609
69 Hyundai (Coréia do Sul) - 4,604
70 Hermés (França) - 4,598
71 Kleenex (Estados Unidos) - 4,404
72 UBS (Suiça) - 4,370
73 Harley-Davidson (Estados Unidos) - 4,337
74 Porsche (Alemanha) - 4,234
75 Panasonic (Japão) - 4,225
76 Tiffany & Co. (Estados Unidos) - 4,000
77 Cartier (França) - 3,968
78 Gap (Estados Unidos) - 3,922
79 Pizza Hut (Estados Unidos) - 3,876
80 Johnson & Johnson (Estados Unidos) - 3,847
81 Allianz (Alemanha) - 3,831
82 Moet & Chandon (França) - 3,754
83 BP (Inglaterra) - 3,716
84 Smirnoff (Inglaterra) - 3,698
85 Duracell (Estados Unidos) - 3,563
86 Nivea (Alemanha) - 3,557
87 Prada (Itália) - 3,530
88 Ferrari (Itália) - 3,527
89 Giorgio Armani (Itália) - 3,303
90 Starbucks (Estados Unidos) - 3,263
91 Lancôme (França) - 3,235
92 Shell (Holanda) - 3,228
93 Burger King (Estados Unidos) - 3,223
94 Visa (Estados Unidos) - 3,170
95 Adobe (Canadá) - 3,161
96 Lexus (Japão) - 3,158
97 Puma (Alemanha) - 3,154
98 Burberry (Inglaterra) - 3,095
99 Polo Ralph Lauren (Estados Unidos) - 3,094
100 Campbell's (Estados Unidos) - 3,081

Colado do Mundodasmarcas. Lá tem a história de cada uma.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Quilmes

Os comerciais da Quilmes são bem melhores que os brasileiros. Já havia visto um mais esse também é massa.