segunda-feira, 31 de março de 2008

O Gita

"Quem dominar sua mente, terá nela seu melhor amigo.
Mas para quem não tiver conseguido fazer isso, sua mente será seu inimigo mais terrível. "

Bhagavad-Gita

domingo, 30 de março de 2008

Fenomenologia

A diferença entre Cristo e os Seus Irmãos menos evoluídos é uma diferença em grau, não em essência.

Todos são essencialmente "unidos ao Pai", ainda que nem todos sejam como Ele é, conscientemente unido ao Pai.

Charles W. Leadbeater

LVX

Uma ode à Luz, realidade majestosa.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Desce um Schopps

"Para muitas pessoas, os filósofos são noctívagos inoportunos que as perturbam durante o sono."

A.Schopenhauer (1788-1860), "Aforismos sobre a sabedoria de vida".

Poincaré

"A faculdade que nos ensina a ver é a intuição. Sem ela, o geômetra seria como um escritor bom de gramática, mas vazio de idéias" — Poincaré

...

"Acreditamos que os nossos raciocínios já não fazem uso da intuição; os filósofos nos dirão que isso é uma ilusão. A lógica pura nos conduz sempre, e apenas, a tautologias; nada de novo poderá ser criado exclusivamente a partir dela; ciência alguma pode nascer apenas da lógica. Os filósofos têm razão nesse sentido: para produzir aritmética, tal como para produzir geometria, ou para produzir uma ciência qualquer, é necessário algo mais que lógica pura. E para designar esse algo mais, não temos outro termo melhor do que intuição" — Poincaré

O Cientista e a Filosofia

Se hoje os cientistas não têm mais necessidade nenhuma dos filósofos nem, sobretudo, de se fazer filósofos, é na medida em que seus métodos estão em ordem, seus conceitos são universalmente admitidos e as querelas científicas rareiam. Que apareçam contradições, que nasçam controvérsias, e bem depressa o cientista volta a tornar-se filósofo.

Gerard Lebrun, "O Papel do Espaço na Elaboração do Pensamento Kantiano", in "Sobre Kant", Iluminuras, Edusp, 1993.

Relational Database

“A ciência, em outros termos, é um sistema de relações. Ora, como acabamos de dizer, é apenas nas relações que a objetividade deve ser buscada; seria inútil procurá-la nos seres considerados como isolados uns dos outros.”

POINCARÉ, O valor da ciência, p. 165.

I

O I Ching ou Livro das Mutações, é um texto clássico chinês composto de várias camadas, sobrepostas ao longo do tempo. É um dos mais antigos e um dos únicos textos chineses que chegaram até nossos dias. Ching, significando clássico, foi o nome dado por Confúcio à sua edição dos antigos livros. Antes era chamado apenas I: o ideograma I é traduzido de muitas formas, e no século XX ficou conhecido no ocidente como "mudança" ou "mutação".

O "I Ching" pode ser compreendido e estudado tanto como um oráculo quanto como um livro de sabedoria. Na própria China, é alvo do estudo diferenciado realizado por religiosos, eruditos e praticantes da filosofia de vida taoísta.


As oito figuras que formam o I Ching estão na base da cultura que se desenvolveu na China durante milênios. Para os chineses a ordem do mundo depende de se dar o nome correto às coisas, portanto o significado de "I" sempre foi objeto de discussão.

Alguns vêem o ideograma I como semelhante ao desenho de um camaleão, representando o movimento (como o lagarto) e a mutação (como o mimetismo do camaleão). Outros afirmam que o ideograma é formado pelo do Sol em cima e o da Lua embaixo, a mutação sendo simbolizada pelo movimento incessante destes astros no céu.

Para o pensameno chinês, não há o que mude, há apenas o mudar. A mutação seria o caráter mesmo do mundo. Mas a mutação é, em si mesma, invariável, ela sempre existe. Portanto, "I" significa mutação e não-mutação. Subjaz, à complexidade do universo, uma 'simplicidade' que consiste nos princípios que estão por trás de todos os ciclos. Ao fluir com as circunstâncias se evita o atrito e portanto a resistência: esse é o caminho do homem sábio.

Tanto o taoísmo como o confucionismo, as duas linhas da filosofia chinesa, beberam da fonte do I.

Tudo que ocorre no céu e na terra tem sua imagem nos oito trigramas, que estão continuamente se transformando um no outro. Têm várias camadas de significados, e representam processos da natureza. São, portanto, o mundo arquetípico, ou o mundo das idéias de Platão. É usada para ilustrá-los a analogia com a família:

* o pai é forte
* a mãe é maleável
* os três filhos são as três fases do movimento: início, perigo e repouso
* as três filhas são as três etapas da devoção: suave penetração, clareza e tranqüilidade

Em Heráclito, e mais tarde na dialética européia, encontramos os ecos da fluidez que é a base do I Ching.


direto da Wikipedia

Exegese

nocente
[Do lat. nocente.]
Adjetivo de dois gêneros
1.V. nocivo:
“estou me referindo .... às coisas que são por vezes censuradas, .... mas que devem ser compreendidas e julgadas em razão do momento, ou de serem nocentes ou inocentes.” (Carlos de Gusmão, Boca da Grota, p. 489).

nocivo
[Do lat. nocivu.]
Adjetivo
1.Que prejudica; que causa dano; danoso, nocente, nóxio.

...

Eis o mistério da inocência.

Sobre o Silêncio

All Knowing Awareness

Examined Life - What is Human Nature?

Um documento sobre a noção ocidental do que é a natureza humana desde a Grécia.

Parte 1


Parte 2


Parte 3

quarta-feira, 26 de março de 2008

Vozes na Ecologia III

Paul Watson, o afundador de baleeiros

Entrevista da Trip de Dez/07

Quando tinha 9 anos de idade, um garoto canadense da vilinha de pescadores de New Brunswick brincava de dar nome às duas lagostas de estimação – Bug Eye (Olho de Inseto) e Flouderface (Cara de Farinha) – e ao seu melhor amigo, Bucky, um castor da floresta com quem ele adorava nadar durante o verão. Um dia, ao chegar à mata, ele encontrou Bucky morto por caçadores, a pata presa em uma armadilha. Encasquetou que poderia destruir as armadilhas que encontrasse pela frente e que resgataria todos os bichos que visse presos. O menino cresceu, estudou comunicações e foi trabalhar na Guarda Costeira Canadense. Aos 18 anos, se engajou no comitê Não Faça Onda, que lutava contra os testes nucleares nos oceanos. Em 1972, com apenas 21 anos, transformou o comitê no mais conhecido grupo ambientalista do mundo: o Greenpeace.

Hoje, aos 57, Paul Watson continua desarmando armadilhas e ajudando os amigos do mar. Expulso da ONG que ajudou a criar, fundou em 1977 a própria organização, a Sea Shepherd. É considerado uma lenda do ambientalismo, o nome supremo na proteção dos oceanos, “o último dos homens”, conforme declarou o ator Sean Penn. A atriz e amiga das focas Brigitte Bardot é sua fã. Entre os mais de 40 mil colaboradores e militantes voluntários da organização estão Richard Dean Anderson, o MacGyver, e os Red Hot Chilli Peppers.

Justiceiro
Mas há também uma legião de desafetos. Pessoas que não concordam com a postura enérgica e agressiva do capitão. Gente que prefere lutar em terra firme, fazer passeatas, colher doações e mudar a legislação – em vez de se enfiar em um navio e se mandar para a Antártida, onde milhares de baleias são assassinadas por ano, disposta a afundar o navio inimigo, como os apaixonados militantes da Sea Shepherd. O Greenpeace é o mais célebre deles. Dentro da ONG, seu nome é tabu. “Não falamos sobre ele. Paul Watson foi ‘saído’ porque adotou atitudes não pacifistas, das quais discordamos”, afirma Glades Eboli, diretora de comunicação da ONG. “Há boatos sobre um baleeiro que pegou fogo! Extra-oficialmente, comentam que foi coisa da Sea Shepherd. E tivemos que ir lá ajudar a salvar vidas. Resolvemos não polemizar mais sobre isso.”

Watson dedicou sua vida à causa ma-rinha. Em 1977, foi atacado por um barco de caça a focas no Canadá; não pensou duas vezes antes de se pendurar nas cordas do navio inimigo. Caiu na água congelante, teve hipotermia e quase virou comida de tubarão. “Não tenho a menor dúvida de que ele daria a própria vida para salvar uma foca ou uma baleia”, exalta Thiago Malachias, diretor da Sea Shepherd Brasil. “Ainda me emociono quando falo da trajetória dele. Tenho certeza de que nunca ninguém fez tanto pelo nosso planeta.” Thiago conta que o chefe é das pessoas mais quietas e reservadas que já conheceu. Um homem que guarda as energias para os momentos de decisão e liderança. No livro Piratas no fim do mundo, o jornalista Denis Russo, que conviveu com o guru verde durante uma campanha à Antártida, retrata: “Pensava que o Watson fosse um sujeito imponente, pose de líder, capitão, herói. Nada mais longe da realidade. Definitivamente passou do peso, seu cabelo branco cortado em forma de capacete estava sempre desgrenhado. Mas é também um ativista profissional, que vive de livros e palestras e por isso precisa da mídia. Tem defeitos, exageros, inseguranças, limitações. Grandioso e caipira, admirável e deselegante, Paul Watson é um herói, mas não 24 horas por dia. Parte do tempo, é só uma criançona meio mesquinha que gosta de filmes açucarados e videogames, repete piadas e conta mentiras”.

Enquanto não está derrubando um baleeiro – já afundou dez; cada um recebeu uma bandeira pintada no casco do navio da ONG como troféu –, Watson gosta de escutar folk, rock clássico e blues. Adora biografias e livros sobre história natural e ciência. Namora Mihirangi, uma música neozelandesa de origem maori, e tem uma filha de 27 anos, Lilliolani. Vegetariano, só fica em casa duas semanas por ano: o endereço é sigiloso, devido às inúmeras ameaças de morte que recebe todos os dias.
Os japoneses são os maiores inimigos. Para manter a tradição milenar em comer carne de baleia eles conseguiram uma brecha na lei que impede a caça ao animal: alegam que todos os navios que seguem à Antártida trabalham em pesquisa científica. São navios imensos, verdadeiras fábricas de enlatar baleias. E Paul trabalha sob a alegação de que faz valer a lei com as próprias mãos.

Sobre seus novos projetos, Paul Watson diz que prefere se concentrar na religião.
Está escrevendo um livro em que entrelaça ecologia e mitologia: nele, pretende esclarecer sua tese de que o cristianismo é uma religião pagã, demonstrando como “nos afastamos da natureza creditando somente aos humanos o que consideramos divino”. Já neste plano, no fim deste mês embarca de novo para o Antártida, em mais uma aventura contra os baleeiros japoneses.


Quando se deu conta de que o trabalho do Greenpeace não combinava com as suas crenças? Em 1977 eu liderava uma campanha para proteger bebês foca quando salvei um deles arrancando um martelo das mãos de um caçador [Watson torceu o braço do caçador]. O Greenpeace alegou que essa tinha sido uma atitude muito radical. Não acho que salvar uma vida seja uma atitude radical. Mas a verdadeira razão da minha saída é que o Greenpeace estava se tornando uma corporação mais preocupada em se autopromover do que em salvar o planeta. Hoje me sinto uma espécie de Dr. Frankenstein, que ajudou a criar algo monstruoso.

Você já afundou 10 baleeiros. Qual a bandeira que ainda falta ser pintada no seu navio? A de um baleeiro japonês.

A Comissão internacional de proteção às baleias efetivamente ajuda? Nós usamos as regulamentações da IWC como nosso mandato para intervenção contra caça ilegal de baleias. Nós fazemos valer o que eles só escrevem. Sem a Sea Shepherd, a IWC é manca.

Em 1987, a ONU permitiu que a caça às baleias tivesse apenas fins científicos ou aborígenes. Como se controla isso? Confrontando os caçadores e afundando seus navios.

Porque alguns países investem tanto na caça às baleias? O Japão é o pior inimigo das baleias. Em seguida vem a Noruega. Fazem isso por ganância e estupidez.

Já teve curiosidade de saber como é o gosto da carne de baleia? Jamais! Pra mim, isso soa como saber se eu já tive curiosidade de comer carne humana. É uma idéia repulsiva.

Em Ocean Warrior, você diz que durante a Guerra Fria uma baleia te ajudou a escapar dos russos. Como foi isso? Você acha que elas sentem que você as protege? Uma baleia surgiu entre meu navio e o dos russos bem na hora mais critica da perseguição; a surpresa nos deu tempo para escapar. Acredito muito que elas sintam o nosso trabalho, especialmente quando estamos em meio a um combate.

Que acha de ser rotulado como ecoterrorista? Chamem-me do que quiser. Se realmente fosse um ecoterrorista, estaria preso ou proibido de viajar. Nunca causei um ferimento sequer e nunca fui condenado por crime grave. Meus inimigos sim são ecoterroristas.

Que leva na mala quando vai ficar muito tempo no mar? Tem algum talismã? Além dos objetos pessoais, carrego um pequeno pedaço de madeira esculpido que recebemos do Dalai Lama. Ele chama isso de Hayagriva. Significa a compaixão de Buda pela indignação, como ele diz: “Você não deve querer machucar ninguém, mas ás vezes, quando esse alguém não consegue atingir a iluminação, você faz com que eles sintam medo até enxergar o que é preciso”.

Você é um ídolo para pessoas como Brigite Bardot, Pierce Brosnan e Martin Sheen. E você? Quais são ídolos? Meu herói é o capitão confederado James I. Waddell, que afundou diversos navios baleeiros durante a guerra civil norte-americana e salvou duas espécies de baleias da extinção sem nunca ter ferido um caçador.

E quanto às pessoas que dão nome aos seus navios? São homenagens. Além de escritor, Farley Mowat foi nosso presidente e é um naturalista canadense, grande amigo meu. Robert Hunter [nome de seu navio anterior] foi o co-fundador do Greenpeace, e morreu em 2005.

Já veio ao Brasil? Que acha do modo como lidamos com o meio ambiente? Estive no seu pais muitas vezes por causa da Sea Shepherd Brasil. A primeira foi em 1989 para ajudar os índios na batalha contra uma represa no Xingu. Também já fui com o Farley Mowat até Fernando de Noronha para defender o lugar de caçadores em 2002.

Qual sua posição em relação à pena de morte? Sou contra.

É religioso? Não faço parte de nenhuma religião, mas amo o mundo natural. Sou um ecologista.

Porque o Greenpeace se recusa a falar sobre você? Porque nós os envergonhamos. Somos o que eles um dia já foram, então os fazemos lembrar que eles falharam em seus principais objetivos.

Que acha de todo esse alarde em relação ao aquecimento global? Acho que é uma moda passageira. Nada de muito eficiente está sendo feito. Essa história de crédito de carbono é apenas mais uma jogada para ganhar dinheiro através do problema. Em primeiro lugar, temos que proteger a diversidade do meio ambiente. Depois devemos frear o crescimento populacional optando voluntariamente por ter menos filhos. É importante que o consumo seja reduzido. Muitas organizações ao redor do mundo vão lucrar usando o apelo de “ajude a salvar o planeta”...

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terça-feira, 25 de março de 2008

Vozes na Ecologia II

Não somente as espécies desaparecem, mas também as palavras, as frases, os gestos de solidariedade humana (...). A ecologia social deverá trabalhar na reconstrução das relações humanas em todos os níveis do socius (...)

Felix Guattari, em As Três Ecologias
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Vozes na Ecologia I

Entrevista com Franz Krajberg


Como surgiu a madeira queimada no seu processo de trabalho?

É uma história longa e tem um pouco de sensibilidade em relação à vida. Houve uma época em que viajava muito para o alto Mato Grosso e Amazônia. E lá eles destroem a floresta para plantar, por exemplo, soja transgênica. Só que para isso era preciso comprar sementes dos Estados Unidos. Achei o maior absurdo do mundo. Essa prática está destrindo a Amazônia, estão simplesmente botando fogo nela. Tudo isso se reflete muito no meu trabalho, quero mestrar a destrição da vida neste planeta. Não se deve esquecer que as florestas do sul da Bahia, do Espírito Santo e de Minas Gerais foram as mais lindas e ricas do planeta. No entanto, foram destruídas em 50 anos. Tenho consciência disso e quero exprimir minha revolta através do que faço. Porque não são somente os homens que vivem neste planeta, todos os animais e vegetais têm o direito de viver aqui em harmonia. Com isso, meu trabalho está na direção de defender a vida.


Quando você achou que era importante usar árvores calcinadas e transformá-las em obras de arte?

Eu não uso essa expressão "obra de arte". O museu Franz Krajberg (previsto par ser instalado no Parque do Ibirapuera) é um lugar que deve apresentar o diálogo entre ecologia e vida. Meu diálogo se dá em função de defender a vida. Muitas vezes trago um pedaço de carvão deixado de uma árvore, que já foi uma bela vida, e questiono o que foi feito dessa bela vida, da qual só sobrou aquele pedaço de carvão. Queimada e destruída, reduzida a carvão. Então, não estou ligado no conceito de ser artista ou de fazer arte, essa linguagem não existe em mim nem no meu trabalho. Se for uma expressão artística para defender ou mostra a minha revoltam está certo. Se for para dizer que estou fazendo um museu artístico, não está certo. Estou fazendo um espaço ecológico para discutir, reunir e fazer o que for possível para defender a vida neste planeta.

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sexta-feira, 21 de março de 2008

Do Oiapoque à Chauí? Mais sobre a Verdade

Nossa idéia da verdade foi construída ao longo dos séculos, a partir de três concepções diferentes, vindas da língua grega, da latina e da hebraica.

Em grego, verdade se diz aletheia, significando: não-oculto, não-escondido, não-dissimulado. O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito; a verdade é a manifestação daquilo que é ou existe tal como é. O verdadeiro se opõe ao falso, pseudos, que é o encoberto, o escondido, o dissimulado, o que parece ser e não é como parece. O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível para a razão.

Assim, a verdade é uma qualidade das próprias coisas e o verdadeiro está nas próprias coisas. Conhecer é ver e dizer a verdade que está na própria realidade e, portanto, a verdade depende de que a realidade se manifeste, enquanto a falsidade depende de que ela se esconda ou se dissimule em aparências.

Em latim, verdade se diz veritas e se refere à precisão, ao rigor e à exatidão de um relato, no qual se diz com detalhes, pormenores e fidelidade o que aconteceu. Verdadeiro se refere, portanto, à linguagem enquanto narrativa de fatos acontecidos, refere-se a enunciados que dizem fielmente as coisas tais como foram ou aconteceram. Um relato é veraz ou dotado de veracidade quando a linguagem enuncia os fatos reais.

A verdade depende, de um lado, da veracidade, da memória e da acuidade mental de quem fala e, de outro, de que o enunciado corresponda aos fatos acontecidos. A verdade não se refere às próprias coisas e aos próprios fatos (como acontece com a aletheia), mas ao relato e ao enunciado, à linguagem. Seu oposto, portanto, é a mentira ou a falsificação. As coisas e os fatos não são reais ou imaginários; os relatos e enunciados sobre eles é que são verdadeiros ou falsos.

Em hebraico verdade se diz emunah e significa confiança. Agora são as pessoas e é Deus quem são verdadeiros. Um Deus verdadeiro ou um amigo verdadeiro são aqueles que cumprem o que prometem, são fiéis à palavra dada ou a um pacto feito; enfim, não traem a confiança.

A verdade se relaciona com a presença, com a espera de que aquilo que foi prometido ou pactuado irá cumprir-se ou acontecer. Emunah é uma palavra de mesma origem que amém, que significa: assim seja. A verdade é uma crença fundada na esperança e na confiança, referidas ao futuro, ao que será ou virá. Sua forma mais elevada é a revelação divina e sua expressão mais perfeita é a profecia.

Aletheia se refere ao que as coisas são; veritas se refere aos fatos que foram; emunah se refere às ações e as coisas que serão. A nossa concepção da verdade é uma síntese dessas três fontes e por isso se refere às coisas presentes (como na aletheia), aos fatos passados (como na veritas) e às coisas futuras (como na emunah). Também se refere à própria realidade (como na aletheia), à linguagem (como na veritas) e à confiança-esperança (como na emunah).

de Marilena Chauí, em Convite à Filosofia.

terça-feira, 18 de março de 2008

Fuera

A cada dia que me torno homem uma experiência de caráter iniciática me aparece. De facto em algumas só me deparo depois do peão rodado, mas em todas tenho me saído sóbrio no juízo. Hoje foi mais uma despedida, ainda sem a heurística que necessitará uma revelação como esta, porém a escolha do outro lado foi feita e não há nada mais que farei, pois que não sou pró-instituto. Defendo meus próprios interesses, e como vários interesses meus são os mesmos do estado, ajo em conformidade com a lei, e acredito na lei que eu mesmo ajudei a constituir.

Quem não está com a lei está contra a correnteza da experiência humana, e pagará pelos danos cometidos à quem urbanizou e proporcionou condições de saneamento e urbanização. E a lei se fará cumprida.

Pra quem nada sabe do Direito Positivo e deseja se inteirar de lei, estamos abertos a isso. Pra quem quer ficar marginal e sacanear querer dar uma de Gérson em pleno ano 2008, digo não tem mais eco por aqui.

Saúde e paz aos bons.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Sobre a Verdade

Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas os consultavam. Embora fossem amigos, havia uma certa rivalidade entre eles, que de vez em quando discutiam sobre qual seria o mais sábio.

Certa noite, depois de muito debaterem acerca da verdade da vida, e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numa caverna da montanha. Disse aos companheiros:

- Somos cegos para que possamos ouvir melhor e compreender melhor que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí brigando como se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.

No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num elefante imenso. Os cegos jamais haviam tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.

O primeiro sábio apalpou a barriga do bicho e declarou:

- Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar em seus músculos e eles não se movem: parecem paredes.

- Que bobagem! - disse o segundo sábio, tocando na presa do elefante. - Este animal é pontudo como uma lança, uma arma de guerra. Ele se parece com um tigre-dente-de-sabre!

- Ambos se enganam! - retrucou o terceiro sábio, que apalpava a tromba do elefante. - Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia.

- Vocês estão totalmente alucinados! - gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas do elefante. - Este animal não se parece com nenhum outro. Seus movimentos são ondeantes, como se seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante!

- Vejam só! Todos vocês, mas todos mesmo, estão completamente errados! - irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. - Este animal é como uma rocha com uma cordinha presa no corpo. Posso até me pendurar nele.

E assim ficaram debatendo, aos gritos, os seis sábios, durante horas e horas. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança. Ouvindo a discussão, ele pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tateou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e errados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:

- Assim os homens se comportam diante da verdade. Pegam apenas uma parte, pensam que é o todo e continuam sempre tolos.

História do folclore hindu

Augusto

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!



Augusto dos Anjos, Psicologia de um vencido

Se eu não respondesse por Felipe acharia estranho gostar de Augusto dos Anjos. Tudo bem entretanto, nada de novo debaixo do Sol.

Imortalidade

Esse é um post de revolta, posso dizer, porque praticamente quase todos os links de vídeo que coloquei nesse meu blog estão fora do ar, quase todos do Youtube. Porra, pode-se alegar copyright, está a direito, mas ficar brigando e pervertendo um sistema onde o único financeiramente favorecido é o Banco de Dados gestor é criancice e puramente sacanagem, pagando departamentos jurídicos pra cercear o que os detentores do poder, eles mesmos, começaram, a democracia; é, porque se antes o mau decisor era decapitado, agora lá está pela decisão do povo...e ficam lá pagando advogados pra ficarem vocalizando de acordo com os interesses corporativos, advogados também que não querem enfrentar o poder corporativo já que quem paga o mercedão na garagem é o gravatá do arranha céu.

A internet tem demonstrado a força política da multidão, e a nova ética com a tal nova legislação em relação à propriedade intelectual é uma questão de tempo, com muita poesia e jurisprudência; só quando os supostos detentores estiverem ligados ao open source como clientes que gostariam de oferecer o produto em qualidade melhor, seja ele qual for.

Nada pode deter a massa, diria a gravidade.

domingo, 9 de março de 2008

Positivismo

O curso de filosofia positiva não mora nas páginas do livro nem na mente de Augusto Comte. A filosofia positiva mora no ventre de toda mãe, no ideal de cada pai, no coração de cada bondade. Ser positivo não é necessidade; é escolha, é o saber da fé. O positivismo, como ficou conhecido o sistema de idéias geradora da sociologia, começa pela matemática e termina no estudo do homem social, e é tão mal incompreendido quanto foi a filosofia da história de Marx.

Insinuante é o nome do canal pra essa teoria: Augusto Contador, numa tradução livre. Os trechos abaixo são do artigo da Wikipedia, que pode ser lido inteiro aqui.

"Tudo é relativo, eis o único princípio absoluto" (1819)

"Todas as concepções humanas passam por três estádios sucessivos - teológico, metafísico e positivo -, com uma velocidade proporcional à velocidade dos fenômenos correspondentes" (1822) (a famosa "lei dos três estados").

A filosofia positiva de Comte nega que a explicação dos fenômenos naturais, assim como sociais, provenha de um só princípio. A visão positiva dos factos abandona a consideração das causas dos fenômenos (deus ou natureza) e torna-se pesquisa de suas leis, vistas como relações abstratas e constantes entre fenômenos observáveis.

Comte apresenta sete definições para o termo "positivo": real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático.

* * *

Certamente alguns comunicadores e estadistas verão a oportunidade da formação de um corpo de controle científico-social que resultaria num totalitarismo, porém o cerne da filosofia positiva está a certeza da relatividade, fórmula física canalizada mais de 100 anos depois por Einstein. A república do Brasil foi fundada por positivistas, que colocaram seu lema na nossa bandeira: Ordem e Progresso; infelizmente ainda são os oligarcas que sugam o solo com monoculturas que ainda prospectam na política.

Um dia isso mudará, e essa afirmação pode ser considerada positivista. O que definitivamente é não-niilista.

Elementos

Todo homem são deveria ler os Elementos de Euclides. Eles são na verdade o motivo de eu ter mudado o nome para o Analfablog e razão de meus estudos atuais, além de Philosophy of Information (PI), Administração pra universidade, em Contabilidade pra formação em analista e a leitura de um livro ou 2, além das manchetes do dia e uns 5 vidcasts. E me sinto um grande analfabeto.

Misticismo

Não duvides da dúvida, e duvides.
Mas duvida com fé e até duvida da fé.
Pois não é a dúvida inércia na pendência da fé até a escuridão
e força no impulso para alcançar a compreensão?

Não duvides, e no entanto, duvida
de tudo quanto creias verdadeiro
por que a dúvida também é verdadeira,
em si e por si.

Duvidando da dúvida,
e duvidando com fé e da fé,
verás o ilusório da dúvida e a fé

derrubar-se aos seus pés...
E elevar-se majestosa ante teus olhos
a dúvida feita Verdade.

domingo, 2 de março de 2008

class Hibernar

Leiam a investigação do Luis Nassif no post abaixo, isso sim um trabalho jornalístico de primeira, que faz muito mais massa do que o que eu tive aqui. Não esperanço, mas o blog pode voltar daqui a algum tempo, não com o mesmo paradigma, mas com foco mais profissional. A experiência foi válida. Obrigado a todos os que leram.