terça-feira, 25 de março de 2008

Vozes na Ecologia I

Entrevista com Franz Krajberg


Como surgiu a madeira queimada no seu processo de trabalho?

É uma história longa e tem um pouco de sensibilidade em relação à vida. Houve uma época em que viajava muito para o alto Mato Grosso e Amazônia. E lá eles destroem a floresta para plantar, por exemplo, soja transgênica. Só que para isso era preciso comprar sementes dos Estados Unidos. Achei o maior absurdo do mundo. Essa prática está destrindo a Amazônia, estão simplesmente botando fogo nela. Tudo isso se reflete muito no meu trabalho, quero mestrar a destrição da vida neste planeta. Não se deve esquecer que as florestas do sul da Bahia, do Espírito Santo e de Minas Gerais foram as mais lindas e ricas do planeta. No entanto, foram destruídas em 50 anos. Tenho consciência disso e quero exprimir minha revolta através do que faço. Porque não são somente os homens que vivem neste planeta, todos os animais e vegetais têm o direito de viver aqui em harmonia. Com isso, meu trabalho está na direção de defender a vida.


Quando você achou que era importante usar árvores calcinadas e transformá-las em obras de arte?

Eu não uso essa expressão "obra de arte". O museu Franz Krajberg (previsto par ser instalado no Parque do Ibirapuera) é um lugar que deve apresentar o diálogo entre ecologia e vida. Meu diálogo se dá em função de defender a vida. Muitas vezes trago um pedaço de carvão deixado de uma árvore, que já foi uma bela vida, e questiono o que foi feito dessa bela vida, da qual só sobrou aquele pedaço de carvão. Queimada e destruída, reduzida a carvão. Então, não estou ligado no conceito de ser artista ou de fazer arte, essa linguagem não existe em mim nem no meu trabalho. Se for uma expressão artística para defender ou mostra a minha revoltam está certo. Se for para dizer que estou fazendo um museu artístico, não está certo. Estou fazendo um espaço ecológico para discutir, reunir e fazer o que for possível para defender a vida neste planeta.

Blogged with the Flock Browser

Nenhum comentário:

Postar um comentário