segunda-feira, 16 de março de 2009

Ser Yogui


Muito se fala de Yoga hoje em dia, muito mais por modismo e automedicação inconsciente do que por escolha filosófica. Aqui está exposta a base filosófica do Yoga, canalisado por um monge indiano devoto da arte do Espírito Santo deles, Shiva.

Se por ventura você chegou aqui e não sabe do que estou falando, leia. Se sabe, então já estará lendo porque sabe o quão bom é esse negócio.


------

YOGASUTRAS DE PATANJALI
(Tradução do Apendix F do livro "Yoga Philosophy of Patanjali "- Swami
Hariharananda Aranya, Publicado por 'Calcutta Universit Press')
Coleção dos Aforismos Yoguis

Livro I
Sobre a Concentração
1. Agora iniciamos a exposição do Yoga.
2. Yoga é a restrição das modificações da mente.
3. Então o Observador permanece nele mesmo.
4. Em outros momentos, o Observador parece assumir a forma da
modificação mental.
5. Elas (as modificações) Têm cinco variedades, das quais algumas são
'Klista' e o resto 'Aklista'.
6. (São elas) Pramana, Viparyaya, Vikalpa, sono (sem sonhos) e
recordação.
7. (Destas) Percepção, inferência e testemunho (comunicação verbal)
constituem as Pramanas.
8. Viparyaya ou ilusão é o conhecimento falso formado a partir de um
objeto como se ele fosse outro.
9. A modificação chamada 'Vikalpa' é baseada na cognição verbal, com
relação a uma coisa que não existe. (É um tipo de conhecimento útil que
advém do significado da pala vra mas que não tem uma realidade
correspondente).
10. Sono sem sonho é a modificação mental produzida pela condição de
inércia como o estado de vacuidade ou negação (do despertar e do
adormecer).
11. Recordação é a modificação mental causada pela reprodução da
impressão prévia de um objeto, sem adicionar nada de outras fontes.
12. Pela prática e o desapego isso pode ser restringido.
13. O esforço para adquirir Sthiti ou um estado tranquilo da mente,
desprovido de flutuações, é chamado prática.
14. Esta prática, quando continuada por um longo tempo, sem
interrupção e com devoção, torna-se firme em seus fundamentos.
15. Quando a mente perde todos os desejos por objetos vistos ou
descritos nas escrituras, ela adquire um estado de absoluto não desejo
que é chamado desapego.
16. Indiferênça para com as Gunas, ou princípios constituintes, alcançada
através do conhecimento da natureza de Purusha, é chamado
Paravaiaragya (desapego supremo).
17. Quando a concentração é conseguida com a ajuda de Vitarka, Vichara,
Ananda e Asmita, é chamada Samprajnata-samadhi.
18. Asamprajnata-samadhi é o outro tipo de Samadhi que surge com a
prática constante de Para-vairagya, que leva ao desaparecimento de todas
as flutuações da mente, permanecendo apenas as impressões latentes.
19. Enquanto no caso de Videhas ou dos desincarnados e de Prakrtilayas
ou dos que subsistem em seus constituintes elementares, é causada por
ignorância que resulta em existência objetiva.
20. Outros (que seguem o caminho do esforço prescrito) adotam os meios
da fé reverencial, energia, recordação repetida, concentração e
conhecimento real (e assim alcançam Asamprajnata-samadhi).
21. Yoguis com intenso ardor alcançam concentração e seus resultados,
rapidamente.
22. De acordo com a aplicação do método, vagarosa, média ou rápida,
mesmo entre os yoguis que têm intenso ardor, existem diferenças.
23. Através de devoção especial a Isvara também (concentração torna-se
eminente)
24. Isvara é um Purusha em particular, não afetado por aflição, ação,
resultado das ações ou as impressões latentes que advém delas.
25. Nele, a semente da onisciência alcançou seu desenvolvimento maior,
não havendo nada mais a transcender.
26. (Ele é) O professor dos primeiros professores porque com Ele não
existe limite de tempo (para sua onipotência).
27. A palavra sagrada que o designa é Pranava ou a sílaba OM.
28. (Yoguis) a repetem e contemplam seu significado.
29. Disso vem a realização do Ser individual e os obstáculos são
resolvidos.
30. Doença, incompetência, dúvida, desilusão, pregriça, não- abstinência,
concepção errônea, não-alcance de qualquer estado yogui ou
instabilidade
para permanecer num estado yogui, estas distrações da mente são os
impedimentos.
31. Tristeza, falta de entusiasmo, inquietação, inspiração e expiração
advém de distrações prévias.
32. Para restringí-las (isto é, as distrações) prática (da concentração) em
um princípio único, deve ser feita.
33. A mente torna-se purificada pelo cultivo dos sentimentos de amizade,
compaixão, boa-vontade e indiferença respectivamente a criaturas felizes,
miseráveis, virtuosas ou pecaminosas.
34, Pela expiração e restrição da respiração também (a mente é
acalmada).
35. O desenvolvimento de percepção objetiva chamada Visayavati também
traz tranquilidade mental.
36. Ou pela percepção que é livre de tristeza e é radiante (estabilidade
mental também é produzida).
37. Ou (contemplando) uma mente que é livre de desejos (a mente do
devoto torna-se estável).
38. Ou tomando como objeto de meditação as imagens dos sonhos ou
dos devaneios (a mente do yogui torna-se estável).
39. Ou contemplando qualquer coisa que o indivíduo queira (a mente
torna-se estável).
40. Quando a mente desenvolve o poder de estabilizar-se nos objetos de
menor tamanho, assim como nos maiores, então a mente está sobre
controle.
41. Quando as flutuações da mente são enfraquecidas, a mente aparenta
tomar as formas do objeto da meditação - seja ele o que conhece
(Grahita), o instrumento de cognição (Grahana) ou o objeto conhecido
(Grahya) - como uma jóia transparente, e esta identificação é chamada
Samapatti ou absorção.
42. A absorção na qual existe confusão entre a palavra, seu significado
(isto é, o objeto) e seu conhecimento, é conhecida como Savitarka
Samapatti.
43. Quando a memória é purificada, a mente parece estar desprovida de
sua própria natureza (isto é, da consciência reflectiva) e somente o objeto
(o qual está contemplando) permanece iluminado. Este tipo de abs orção é
chamada Nirvitarka Samapatti.
44. Através disso (o que foi dito) as absorções Savichara e Nirvichara,
cujos objetos são sutis, são também explicadas.
45. Sutileza pertencente aos objetos, culmina em A-linga ou o imanifesto.
46. Estes são os únicos tipos de concentração objetiva.
47. Ganhando proficiência em Nirvichara, pureza nos intrumentos
internos de cognição é desenvolvida.
48. O conhecimento ganho neste estado é chamado Rtambhara
(preenchido de verdade).
49 (Este conhecimento) é diferente daquele derivado do testimunho ou da
inferência, porque relaciona-se a particularidades (dos objetos).
50. A impressão latente nascida de tal conhecimento é oposta à formação
de outras impressões latentes.
51. Pela restrição disso também (por conta da eliminação das impressões
latentes de Samprajnana), acontece a concentração sem-objeto, através
da supressão de todas as modificações.
Livro II
Sobre a Prática
1. Tapas (austeridade ou vigorosa auto-disciplina - mental, moral e
física), Svadhyaya (repetição de Mantras sagrados ou o estudo da
literatura sagrada) e Isvara-pranidhana (completa rendição a Deus) são
Kriya- yoga (yoga em forma de ação).
2. Este Kriya-yoga (deve ser praticado) para gerar o Samadhi e minimizar
as Klesas.
3. Avidya (concepção errônea sobre a natureza real das coisas), Asmita
(egoismo), Raga (apego), Dvesa (aversão) e Abhinivesa (medo da morte)
são as cinco Klesas (aflições).
4. Avidya é o campo de crescimento das outras, sejam elas dormentes,
atenuadas, interrompidas ou ativas.
5. Avidya consiste em considerar os objetos impermanentes como
permanentes, impuros como puros; miséria como felicidade e o não-Ser
como Ser.
6. Asmita é equivalente à identificação de Purusha ou Consciência Pura
com Buddhi.
7. Apego é esta (modificação) que segue a lembrança do prazer.
8. Aversão é esta (modificação) que resulta da miséria.
9. Tanto no ignorante quanto no culto, o medo, firmemente estabelecido,
da aniquilação, é a aflição chamada Abhinivesa.
10, As sutis klesas são abandonadas (isto é, destruidas) cessando-se a
produtividade (isto é, desaparecendo) da mente.
11. Seus meios de subsistência ou seus estados densos são evitáveis pela
meditação.
12. Karmasaya, ou a impressão latente da ação baseada nas aflições,
torna-se ativa nessa vida ou na vida por vir.
13. Na medida em que as Klesas permanecem na raiz, karmasaya produz
três consequências nas formas de nascimento, tempo de vida e
experiência.
14. Por razão da virtude e do vício, essas (nascimento, período e
experiência) produzem experiências prazeirosas ou dolorosas.
15. A pessoa que discrimina, apreende (por análise e antecipação) todos
os objetos mundanos como marcados pela tristeza, porque eles causam
sofrimento como consequência, tanto nas suas experiências aflitivas,
quanto em suas latências e também por causa da natureza contrária das
Gunas (que produzem mudanças a todo momento).
16. (É por isso que) a dor que está por vir deve ser evitada.
17. Unindo o Observador ou o sujeito com o visto ou o objeto, é a causa
disso que deve ser evitado.
18. O objeto ou o que é passível de conhecimento é por natureza sensível,
mutável e inerte. Existe na forma dos elementos e dos órgãos, e servem
ao propósito da experiência e emancipaç ão.
19. Diversificada (Visesa), não-diversificada (Avisesa), indicador-somente
(Linga-matra), e aquilo que não tem indicador (Alinga), são os estados das
Gunas.
20. O Observador é o conhecedor absoluto. Apesar de puro, modificações
(de Buddhi) são testemunhadas por ele como um espectador.
21. Servir como um campo objetivo para Purusha, é a essencia ou
natureza dos objetos conhecíveis.
22. Apesar de deixar de existir em relação àquele que preencheu seu
propósito, os objetos conhecíveis não deixam de existir por serem úteis
para outros.
23. Associação é o meio de realização da verdadeira natureza do objeto
do Conhecedor e do Possuidor, o Conhecedor (isto é, o tipo de associação
que contribui para a realização do Obse rvador e do observado é esta
conexão).
24. (A associação tem) Avidya ou ignorância como sua causa.
25. A ausência da associação que advém da falta dela (avidya) é liberdade,
e este é o estado de liberação do Observador.
26. Conhecimento discriminativo, claro, distinto (desimpedido) é o meio
para a liberação.
27. Sete tipos de insight vêm a ele (o yogui que desenvolveu a iluminação
discriminativa).
28. Através da prática dos diferentes acessórios do yoga, quando as
impurezas são destruidas, advém a iluminação, culminando na iluminação
discriminativa.
29. Yama (restrição), Niyama (observância), Asana (postura), Pranayama
(regulação da respiração), Pratiahara (restrição dos sentidos), Dharana
(fixação), Dhyana (meditaç& atilde;o) e Samadhi (perfeita concentração),
são os oito meios de se alcançar o yoga.
30. Ahimsa (não-violência), Satya (verdade), Asteya (abster-se do roubo),
Brahmacharya (continência) e Aparigraha (abster-se da avareza), são as
cinco Yamas (formas de restrição).
31. Estas (as restrições), no entanto, são um grande voto quando tornamse
universais, não sendo restringidas por qualquer consideração de
classe, lugar, tempo ou conceito de dever.
32. Pureza, contentamento, austeridade (disciplina mental e física),
svadhyaya (estudo das escrituras e recitação de mantras) e devoção a
Isvara, são as Niyamas (observâncias).
33. Quando estas restrições e observâncias são inibidas por pensamentos
perversos, o oposto deve ser pensado.
34. Acões que advém de pensamentos perversos, como injúria etc, são
realizadas pela própria pessoa, por outras ou aprovadas; são realizadas
tanto pela raiva, quanto pela cobiça ou pela desilusão; e podem ser fracas
moderadas ou intensas. Saber que são causadas por uma miséria e
ignorância infinitas, é um pensamento-contrário.
35. Na medida em que o yogui se torna estabelecido na não-injúria, todos
os seres que se aproximam (do yogui) deixam de ser hostis.
36. Quando a maneira de ser é verdadeira, as palavras (do yogui)
adquirem o poder de fazerem-se frutíferas.
37. Quando o não-roubo é estabelecido, todas as jóias se apresentam (ao
yogui).
38. Quando continência é estabelecida, Virya é adquirida.
39. Atingindo perfeição nas Yamas, advém conhecimento da existência
passada e futura.
40. Da prática da purificação, desapego com relação ao próprio corpo é
desenvolvido, e portanto o desapego se estende a outros corpos.
41. Purificação da mente, setimentos agradáveis, concentração,
subjugação dos sentidos e abilidade para a auto-realização são
adquiridas.
42, A partir do contentamento, felicidade transcendente é ganha.
43. Pensamentos de destruição das impurezas, prática de austeridades
gera perfeição do corpo e dos órgãos.
44. Do estudo e repetição de Mantras, comunhão com a divindade
desejada é estabelecida.
45. Da devoção a Deus, Samadhi é alcançado.
46. Uma forma agradável e pausada (de estar) é Asana (postura yogui).
47. Pelo relaxamento do esforço e meditação no infinito (asanas são
aperfeiçoadas).
48. Disso vem a imunidade com relação a Dvandvas ou condições
opostas.
49. Esta (asana) tendo sido aperfeiçoada, regulação do fluxo da inspiração
e expiração é pranayama (controle da respiração).
50. Este (pranayama) tem uma operação externa (Vahya-vrtti), operação
interna (Abhyantara-vrtti) e supressão (Stambha- vrtti). Isto ainda, quando
observado de acordo com espaço, tempo e número torna-se lo ngo e
sutil.
51. O quarto pranyama trnscende operações internas e externas.
52. Através disso, o véu sobre a manifestação (do conhecimento) é
rarefeito.
53, (Então) a mente adquiri condições para Dharana.
54. Quando separados de seus objetos correspondentes, os órgãos
seguem a natureza da mente (no momento), isto é chamado Pratyahara
(restringir os órgãos).
55. Isto gera supremo controle dos órgãos.
Livro III
Poderes Sobrenaturais
1. Dharana é a fixação da mente (Chitta) em um ponto particular no
espaço.
2. Nela (Dharana) o fluxo contínuo de modificação mental similar é
chamado Dhyana ou meditação.
3. Quando o objeto da meditação sozinho brilha na mente, como que
desprovido até mesmo do pensamento do'Eu' (que está meditando), este
estado é chamado Samadhi ou concentração.
4. Os três juntos no mesmo objeto é chamado Samyama.
5. Dominando isto (Samyama) a luz do conhecimento (Prajna) emerge.
6. Ela (Samyama) deve ser aplicada aos estágios (da prática).
7. Estas três práticas são mais associadas do que as mencionadas
anteriormente.
8. Isso também (deve ser visto) como externo com relação a Nirvija ou
concentração sem semente.
9. Supressão das latências das flutuações e aparecimento das latências do
estado de pausa, acontecendo a cada momento de ausência do estado de
pausa na mesma mente, é a mudança do estado de pausa da mente.
10. Continuidade da mente tranquila (no estado de pausa) é assegurado
por suas impressões latentes.
11. Diminuição da atenção voltada para tudo e desenvolvimento da
concentração (onepointedness) é chamado Samadhi-parinama, ou
mutação da mente concentrada.
12. Lá (em Samadhi) ainda (no estado de concentração) as modificações
passadas e presentes sendo similares é Ekagrata- parinama, ou mutação
do estado estável da mente.
13. Assim explica-se as três mudanças, ou seja, dos atributos essenciais
ou características, das características temporais, e dos estados das Bhutas
e das Indriyas (isto é, todos os fenômenos conhecíveis).
14. Aquilo que continua a sua existência, através das várias
características, nomeadamente: o inativo, isto é, passado; o emergente,
isto é, presente; o imanifesto, (mas que permanece como força potente),
isto é, futuro, é o substrato (ou objeto caracterizado).
15. Mudança de sequência (das características) é a causa das diferênças
mutativas.
16. Conhecimento do passado e do futuro pode advir de Samyama sobre
as três Parinamas (mudanças).
17. Palavra, objeto implicado, e idéia correspondente, produz uma
impressão unificada. Se Samyama for praticada em cada um
separadamente, conhecimento do significado dos sons produzidos por
todos os seres, pode ser adquirido.
18 Pela realização das impressões latentes, conhecimento dos
nascimentos prévios é adquirido.
19. (Pela prática de Samyama) em noções, conhecimento de outras
mentes é desenvolvido.
20 O suporte (ou base) da noção não se torna conhecido, porque este não
é objeto de observação (do yogui).
21. Quando a capacidade de percepção do corpo é suprimida pela prática
de Samyama em seu caracter visual, desaparecimento do corpo é
efetivado, por ficar ele além da esferea de percepção do olho.<> 22.
Karma pode ser rápido ou lento em sua frutificação. Pela prática de
Samyama no Karma,
conhecimento da morte pode ser adquirido.
23. Através de Samyama sobre a amizade, e outras virtudes similares,
obtem-se força.
24. (Pela prática de Samyama) na força (física), a força de elefantes etc,
pode ser adquirida.
25. Aplicando a luz efulgente da percepção superior (Jyotismati),
conhecimento dos objetos sutis, ou coisas invisíveis ou colocadas a
grande distância, pode ser adquirido.
26. (Praticando Samyama) sobre o sol (o ponto no corpo conhecido como
a entrada solar), o conhecimento das regiões cósmicas é adquirido.
27. (Pela prática de Samyama) sobre a lua (a entrada lunar no corpo),
conhecimento do arranjo entre as estrelas é adquirido.
28. (Pela prática de Samyama) na estrela Polar, o movimento das estrelas é
conhecido.
29. (Pela prática de Samyama) no plexo do umbigo, advém conhecimento
da composição do corpo.
30. (Praticando Samyama) na traquéia, fome e sede são restringidas.
31. Calma é alcançada por Samyama no tubo bronquial.
32. (Pela prática de Samyama) na luz coronal, Siddhas podem ser vistos.
33. Do conhecimento denominado Pratibha (intuição), tudo torna-se
conhecido.
34. (Pela prática de Samyama) no coração, conhecimento da mente é
adquirido.
35. Experiência (de prazer ou dor), vem da concepção que não distingue
entre duas entidades extremamente diferentes: Buddhisattva e Purusha.
Tal experiência existe para um outro (isto é, Purusha). Esta é a razão de
através de Samyama em Purusha (que observa todas as experências e
também sua completa cessassão) conhecimento com relação a Purusha
ser adquirido.
36. Portanto (do conhecimento de Purusha), advém Pratibha (intuição),
Sravana (poder sobrenatural de ouvir), Vedana (poder sobrenatural de
tocar), Adarsa (poder sobrenatural de ver), Asvada (poder sobrenatural
gustativo) e Varta (p oder sobrenatural de cheirar).
37. Eles (estes poderes) são impedimentos ao Samadhi, mas são (vistos
como) aquisições no estado normal-mutante da mente.
38. Quando as causas do aprisionamento são enfraquecidas, e os
movimentos da mente conhecidos, a mente pode entrar em outro corpo.
39. Conquistando a força vital (da vida) chamada Udana, a possibilidade
de imersão em água ou lama e envolvimentos dolorosos, são evitados, e a
saida do corpo pela vontade é assegurada.
40 Conquistando a força vital chamada Samana, efulgência é adquirida.
41. Através de Samyama na relação entre Akasa e o poder de ouvir,
capacidade divina de ouvir é adquirida.
42. Através de Samyama na relação entre o corpo e Akasa, e pela
concentração na leveza do algodão ou da lã, passagem através do céu é
assegurada.
43. Quando a concepção inimaginável pode ser mantida fora, isto é, não
conectada com o corpo, é chamada Mahavideha ou a grande
desencarnação. Através de Samyama nisso, o véu que cobre a iluminação
(de Buddhisattva) é removido.
44. Através de Samyama no denso, no caracter essencial, no sutil, a
inerência e a objetividade, que são as cinco formas de Bhutas ou
elementos, maestria sobre Bhutas é conseguida.
45. Então desenvolve-se o poder de minimização assim como outras
aquisições corpóreas. Deixa de existir também, resistência a suas
características.
46. Perfeição do corpo consiste em beleza, graça, força e firmeza
adamantinas.
47. Através de Samyama na receptividade, caracter essencial, sentido de
Eu, qualidade inerente e objetividade dos cinco sentidos, maestria sobre
eles é obtida.
48. Então advém poderes de movimentos rápidos da mente, ação dos
órgãos independente do corpo e maestria sobre Pradhana, a causa
primordial.
49. Para aquele estabelecido no discernimento entre Buddhi e Purusha,
vem a supremacia sobre todos os seres assim como onisciência.
50. Através da renunciação mesmo disto (conquista de Visoka), vem a
liberação em consequência da destruição das sementes do mal.
51. Quando convidado pelos seres celestiais, este convite não deve ser
aceito, nem deve ser causa de vaidade, pois envolve a possibilidade de
consequências indesejáveis.
52. Conhecimento diferenciado do Ser e do não-Ser advém da prática de
Samyama no momento e sua sequência.
53. Quando espécie, caracter temporal e posição de duas coisas
diferentes são indiscerníveis, elas aparentam iguais, no entanto podem
ser diferenciadas (por este conhecimento).
54. O conhecimento do discernimento é Taraka ou intuitivo, compreende
todas as coisas e todo o tempo, e não tem sequência.
55. (Se o discernimento discriminativo secundário é adquirido ou não)
quando igualdade é estabelecida entre Buddhisattva e Purusha na sua
pureza, liberação acontece.
Livro IV
Sobre o Ser-nele-mesmo ou Liberação
1. Poderes sobrenaturais advém com o nascimento, ou são consequidos
através de ervas, encantamentos, austeridades ou concentração.
2. (A mutação do corpo e dos órgãos para aquele nascido em espécie
diferente) acontece através do preenchimento de sua natureza inata.
3. Causas não colocam a natureza em movimento, somente a remoção de
obstáculos acontece através delas. Isso é como um fazendeiro quebrando
a barreira para permitir o fluxo de água. (Os obstáculos sendo removidos
pelas causas, a natureza penetra por ela mesma).
4. Todas as mentes criadas são construidas a partir do sentido-de- -Eu.
5. Uma mente (principal) direciona as várias mentes criadas na variedade
de suas atividades.
6. Delas (mentes com poderes sobrenaturais) as obtidas através da
meditação não têm impressões subliminares.
7. As ações do Yogui não são nem brancas, nem pretas, enquanto as
ações dos outros são de três tipos.
8. Então (das três variedades de karma) manifestam-se as impressões
subconscientes apropriadas às suas consequências.
9. Em função da semelhança entre a memória e suas impressões latentes
correspondentes, as impressões subconscientes dos sentimentos
aparecem simultaneamente, mesmo quando são separadas por
nascimento, es paço e tempo.
10. Desejo de bem-estar sendo eterno, segue-se que a impressão
subconsciente da qual ele advém deve ser sem começo.
11. Em função de serem mantidas juntas pela causa, resultado e objetos
suportes, quando isso se ausenta, as Vasanas desaparecem.
12. O passado e o futuro são em realidade, presente, em suas formas
fundamentais, tendo diferenças apenas nas características das formas
tomadas em tempos diferentes.
13. Características, que são presentes em todos os tempos, são
manifestas e sutis, e são compostas das três Gunas.
14. Em função da mutação coordenada das três Gunas, um objeto aparece
como uma unidade.
15. Apesar da semelhança entre os objetos, em função de haverem
mentes separadas, eles (os objetos e seu conhecimento) seguem
caminhos diferentes, essa é a razão deles serem inteiramente diferentes.
16. Objeto não é dependente de uma mente, porque se assim fosse, o que
aconteceria quando ele não fosse mais cognizado por esta mente?
17, Objetos externos são conhecidos ou desconhecidos para a mente na
medida em que colorem a mente.
18. Em função da imutabilidade de Purusha, que é mestre da mente, as
modificações da mente são sempre conhecidas ou manifestas.
19. Ela (a mente) não é auto-iluminada, sendo um objeto (conhecível).
20. Além disso, ambos (a mente e seus objetos) não podem ser
cognizados simultaneamente.
21. Se a mente fosse iluminada por uma outra mente, então haveria
repetição ad infinitum de mentes iluminadas e inter-mistura de memória.
22. (Portanto) Intransmissível, a Consciência metempirica, refletindo sobre
Buddhi torna-se a causa da consciência de Buddhi.
23. A matéria mental sendo afetada pelo Observador e o observado,
torna-se toda-compreensiva.
24. Ela (a mente) apesar de marcada pelas inimeráveis impressões
subconscientes, existe para um outro, desde que age conjuntamente.
25. Para aquele que conheceu a entidade distinta, isto é Purusha,
inquirição sobre a natureza do próprio Ser, cessa.
26. (Então) A mente se inclina ao conhecimento discriminativo e
naturalmente gravita em direção ao estado de liberação.
27. Através de suas ramificações (isto é, quebras no conhecimento
discriminativo) surgem outras flutuações da mente devido às impressões
latentes (residuais).
28. Tem-se dito que sua remoção (isto é, das flutuações) segue o mesmo
processo da remoção das aflições.
29. Quando o indivíduo torna-se desinteressado mesmo pela onisciência,
ele adquiri iluminação discriminativa perpétua de onde vem a
concentração conhecida como Dharmamegha (nuvem que despeja
virtude).
30. A partir disso, aflições e ações cessam.
31. Então em função da infinitude do conhecimento, livre da cobertura
das impurezas, os objetos conhecíveis aparentam poucos.
32. Depois de sua emergência (nuvem que despeja virtude) as Gunas
tendo cumprido seu propósito, a sequência de suas mutações cessam.
33. O que pertence aos momentos e é indicado pelo término de uma
mutação particular, é sequência.
34. O estado do Ser-nele-mesmo ou liberação, realiza-se quando as
Gunas (tendo promovido experiência e liberação para Purusha) não têm
mais propósito a cumprir e desaparecem em sua substância causal. Em
outras palavras, é Consciência absoluta estabelecida em seu próprio Ser.




Ufa, os aforismos de Patanjali inteiros!
A filosofia merece.

Om Nama Shivaya!

Nenhum comentário:

Postar um comentário