sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ciente

" No templo da ciência, há muitas moradas... E em verdade muitos são os que as habitam, assim como são variados os motivos que os levaram até lá.
Muitos se voltam para a ciência pela agradável sensação de terem uma capacidade intelectual superior; a ciência é seu divertimento especial, ao qual se dedicam para viver experiências intensas e satisfazer sua ambição. Outros habitantes do templo oferecem o fruto do seu raciocínio neste altar por motivos unicamente utilitários.
Se um anjo do Senhor viesse expulsar todos os que pertencem a estas duas categorias, o templo ficaria consideravelmente mais vazio, embora ainda restassem alguns homens, tanto do presente quanto do passado... Se os tipos que acabamos de expulsar fossem os únicos existentes, o templo nem sequer teria existido, da mesma forma como não pode existir um bosque constituído apenas de trepadeiras... Aqueles que gozam das boas graças do anjo... são tipos um tanto estranhos, calados, solitários, na verdade menos parecidos uns com os outros do que os rejeitados entre si.
O que os trouxe para o templo foi... não se pode responder facilmente... a fuga do cotidiano, da sua dolorosa rudeza e irremediável monotonia, fuga dos grilhões dos desejos inconstantes. As personalidades delicadamente constituídas anseiam por escapar do ambiente apertado e barulhento em que se encontram, refugiando-se no silêncio das altas montanhas, onde a vista corre livremente através do ar ainda puro e alegremente acompanha os tranqüilizadores contornos aparentemente eternos."

Albert Einstein, 1918

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