terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

La Lengua de las Mariposas

Uma das minhas maiores diversões tem sido conectar campos semânticos diversos em algo como Chomsky designou com perspicácia de loucão uma "Gramática Universal", onde o campo noosférico da humanidade co-cria a realidade a partir de suas experiências fenotípicas, ligadas caoticamente à uma matriz linguística pertencente ao Bioma Universal, conectado com toda forma de vida. A harmonia proveniente, o canto do universo, é então sistematizado nas mais diversas formas de construção dos fonemas até conceitos abstratos impossíveis ainda de serem expressos na sabedoria convencional, como a física quântica que somente pode ser matematizada, mas impossível ainda de ser modelada na língua falada. Enfim, é divertido.



Quando vi um filme do Oriente Médio hoje à noite então, me diverti muito na comunicação fonética. Estou ainda na matriz européia, com as línguas latinas principais, a anglo-saxã e o grego, mas senti muita falta do árabe, que parece muito afim do português das ruas, aliás, não é mistério que os portugueses gostavam das mouras e sabiam o que faziam. Ainda faltam entretanto as línguas asiáticas e indianas, e porque não também uma indo-européia, e saber se há algum resquício de povos falando essas línguas arcaicas, dignos fósseis portadores dos mistérios semânticos. rs. Grande diversão, uma forma de arqueologia afinal.

Tem um texto legal falando sobre isso abaixo.

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Ainda não uma ciência, mas uma proposição: que certos problemas de linguística possam ser resolvidos através da abordagem da linguagem como um sistema dinâmico complexo, ou "campo caótico".

De todas as escolas originadas pela linguística de Saussure, temos especial interesse por duas: a primeira, "antilingüística", pode ser encontrada - no período moderno - da partida de Rimbaud para a Abissínia à afirmação de Nietzsche "temo que, enquanto tivermos gramática, não teremos matado Deus"; passando pelo dadaísmo; "o Mapa não é o Território" de Korzybski; pelos cut ups e pela "ruptura na sala cinza" de Burroughs; pelo ataque de Zerzan à própria linguagem como representação e mediação.

A segunda é a linguística de Chomsky que, com sua crença numa "gramática universal" e seus diagramas em forma de árvores, representa (eu acredito) uma tentativa de "salvar" a linguagem através da descoberta de "invariáveis ocultas", do mesmo modo que certos cientistas estão tentando "salvar" a física da "irracionalidade" da mecânica quântica. Embora fosse de se esperar que Chomsky, como anarquista, ficasse do lado dos niilistas, a sua belíssima teoria em verdade tem mais a ver com o platonismo ou com o sufísmo do que com o anarquismo. A metafísica tradicional descreve a linguagem como luz pura brilhando através dos vidros coloridos dos arquétipos; Chomsky fala de gramáticas "inatas". As palavras são folhas, os ramos são frases, os idiomas maternos são limbos, as famílias de linguagem são troncos e as raízes estão no "céu"... ou no DNA. Eu chamo a isso "hermetalingüística" - hermética e metafísica. O niilismo (ou a "Metalingüística Pesada", em honra a Burroughs) parece-me ter levado a linguagem para um beco sem saída e ameaçado torná-la "impossível" (um grande feito, mas deprimente), enquanto Chomsky mantém a promessa e a esperança de uma revelação de última hora, o que eu acho igualmente difícil de aceitar. Eu também gostaria de "salvar" a linguagem, mas sem apelar para nenhuma "Assombração", ou supostas regras sobre Deus, dados e o universo.

Voltando a Saussure e suas anotações, postumamente publicadas, sobre anagramas na poesia latina, encontramos certas indicações de um processo que, de alguma forma, foge da dinâmica signo/significante. Saussure se deparou com a possibilidade de algum tipo de "meta"-lingüística que acontece dentro da linguagem em vez de ser imposta desde "fora" como um imperativo categórico. Assim que a linguagem começa a atuar, como nos poemas acrósticos que ele examinou, ela parece ressonar com uma complexidade auto-expansiva. Saussure tentou quantificar os anagramas, mas os números escapavam dele (como se envolvessem equações não-lineares). Além disso, ele começou a encontrar os anagramas por todo lado, mesmo na prosa latina. Começou a se perguntar se estava tendo alucinações, ou se os anagramas eram um processo natural inconsciente da parole. Abandonou o projeto.

Eu me pergunto: se quantidades suficientes de informações desse tipo fossem digeridas num computador, começaríamos a ser capazes de modelar a linguagem em termos de sistemas dinâmicos complexos? As gramáticas, então, não seriam "inatas", mas emergiriam do caos espontaneamente como "ordens superiores" que evoluem, no sentido da "evolução criativa" de Prigogine. As gramáticas poderiam ser pensadas como "Atratores Estranhos", como o padrão escondido que "causou" os anagramas - padrões que são "reais", mas que têm "existência" apenas em termos dos sub-padrões que manifestam. Se o significado é elusivo, talvez seja porque a própria consciência, e portanto a linguagem, seja fractal.

Considero essa teoria mais satisfatoriamente anarquista do que qualquer antilingüistica ou chomskyanismo. Ela sugere que a linguagem pode sobrepor-se à representação e à mediação, não porque seja inata, mas porque é caótica. Ela sugere que toda experimentação dadaísta (Feyerabend designou sua escola de epistemologia científica de "dadaísmo anárquico") com poesia sonora, gestos, chistes, linguagem bestial etc. não foi feita com o objetivo nem de descobrir nem de destruir o significado, mas de criá-lo. O niilismo afirma sombriamente que a linguagem cria significado de forma "arbitrária". A Linguística do Caos alegremente concorda com isso, mas adiciona que a linguagem pode superar a linguagem, que a linguagem pode criar liberdade a partir da confusão e da decadência da tirania semântica.

do rizoma.net

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