quarta-feira, 24 de março de 2010

O Pangaré e o Garanhão

Grigory Perelman

O cidadão da foto, um dos maiores gênios vivos da matemática, descobriu a solução lógica para um problema esotericamente badalado e resolvido, matematicamente dificílimo, e cujo labirinto já tinha matado vários: a Conjectura de Poincaré.


Dizia Poincaré que qualquer espaço sem furos era equivalente a uma esfera esticada, e não trabalhou na solução, provavelmente tocado pelo insight gnóstico de que tudo o que vemos é uma expressão do espírito, representado por um círculo.

Enfim, Poincaré deixou a palavra e deu-se a batalha pela prova. E eis que aquele que a resolveu, mesmo com 1 milhão em uma pasta levada à sua porta por uma instituição filantrópica, disse:

- Tenho tudo o que quero.

Explico: quando Perelman ganhou a medalha Fields em 2006, achou que a matemática estava fazendo política ao dar a medalha para outros 2 cidadãos, e não só não foi à solenidade como abandonou a matemática como profissão remunerada.

Agora, em 2010, 8 anos depois de ter apresentado a solução do que Poincaré conjecturou, vieram dizer-lhe que ninguém foi capaz de refutar sua prova. Aproveitaram e trouxeram-lhe $1.000.000,00 oferecidos pelo instituto Clay de Matemática a cada um de 7 desafios lógicos escolhidos e intransponíveis há um tempo.

Entre a prostituição e a solidão, Perelman fez sua escolha.

Essa é a diferença entre o pangaré e o garanhão.

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