quinta-feira, 7 de maio de 2009

Cidades Invisíveis

“Marco entra numa cidade; vê alguém numa praça que vive uma vida ou um instante que poderiam ser seus; ele podia estar no lugar daquele homem se tivesse parado no tempo tanto tempo atrás, ou então se tanto tempo atrás numa encruzilhada tivesse tornado uma estrada em vez de outra e depois de uma longa via­gem se encontrasse no lugar daquele homem e naquela praça.

Agora, desse passado real ou hipotético, ele está excluído; não pode parar; deve prosseguir ate uma outra cidade em que outro passado aguarda por ele, ou algo que talvez fosse um possível futuro e que agora é o presente de outra pessoa. Os futuros não realizados são apenas ramos do passado: ramos secos.
— Você viaja para reviver o seu passado? — era, a esta altura, a pergunta do Khan, que também podia ser formulada da seguinte maneira: — Você viaja para reencontrar o seu futuro?

E a resposta de Marco:
— Os outros lugares são espelhos em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá.”

-Ítalo Calvino, em Cidades Invisíveis

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