quinta-feira, 16 de julho de 2009

Raízes do Brasil

Encontrei este pequeno resumo da obra de Sérgio Buarque, que já ilumina um pouco da obra do historiador. É feito, segundo consta, por um estudante do período 2 de um curso de história, e apesar do tamanho, é singelo. Um aperitivo pra obra.

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É sempre bom compreendermos uma determinada cultura afim de
evitarmos colocações preconceituosas e deterministas. Deste modo
podemos entender onde e como fazer a crítica construtiva certa, bem
fundamentada e contextualisada.
Àqueles interessados nesta desafiante empresa, segue irrelevante
colaboração,um breve resumo do livro de Sérgio Buarque de
Holanda,raízes do Brasil,elaborada por uma estudante do segundo ano
do curso de história da USP :




"Em 1936, depois de uma estadia na Alemanha, Sérgio Buarque de
Holanda publica o livro: "Raízes do Brasil", um livro que tem uma
perspectiva sociológica e psicológica com um objetivo político, onde
o autor tenta, através de nosso passado, ver o nosso futuro. É um
livro inovador no que diz respeito à busca da identidade nacional.
Num momento onde a psicologia vinha se desenvolvendo muito e a
sociologia começa a perder seu caráter altamente "científico",
Sérgio Buarque vai atrás do que poderíamos chamar de essência do
homem brasileiro. Num jogo de idas e vindas na nossa história,
deixando claro os momentos que ele mais considera, Sérgio Buarque
vai construindo um panorama histórico no qual ele inserirá o "homem
cordial", que nada mais é do que fruto de nossa história, que vem da
colonização portuguesa, de uma estrutura política, econômica e
social completamente instável de famílias patriarcais e
escravagistas.

Trabalho e Aventura: Para o autor, os portugueses que foram os
primeiros a se bancarem no mar eram ao que estavam mais aptos para a
missão no Novo Mundo.
Em seguida Sérgio Buarque fala que existem dois tipos de homens: um
com olhar mais amplo, o aventureiro, e outro com olhar mais
restrito, o trabalhador. No entanto esses dois homens se confundem
dentro da mesma pessoa. Com isso ele quebra um pouco a idéia de que
a Inglaterra é sinônimo de trabalho.
O gosto pela aventura foi o que possibilitou a colonização no Novo
Mundo. Nenhum outro povo como o português foi capaz de se adaptar
tão bem na América.

O Homem Cordial: Para Sérgio Buarque, o Estado não é uma
continuidade da família. Dá o exemplo de tal confusão com a história
de Sófocles sobre Antígona e seu irmão Creonte, onde havia um
confronto entre Estado e família. Houve muita dificuldade na
transição para o trabalho industrial no Brasil, onde muitos valores
rurais e coloniais persistiram. Para o autor as relações familiares
( da família patriarcal, rural e colonial), são ruins para a
formação de homens responsáveis.
Até hoje vemos uma dificuldade entre os homens detentores de
posições públicas conseguirem distinguir entre o público e o
privado."Falta ordenamento impessoal que caracteriza a vida no
Estado burocrático".

A contribuição brasileira para a civilização será então, o "homem
cordial". Cordialidade esta que não é sinônimo de civilidade de
polidez, mas que vem de cordes, coração.


A impossibilidade que o brasileiro tem em se desvincular dos laços
familiares a partir do momento que esse se torna um cidadão, gera
o "homem cordial". Esse homem cordial é aquele generoso, de bom
trato, que para confiar em alguém precisa conhece-lo primeiro. A
intimidade que tal homem tem com os demais chega a ser
desrespeitosa, o que possibilita chamar qualquer um pelo primeiro
nome, usar o sufixo "inho" para as mais diversas situações e até
mesmo, colocar santos de castigo. O rigor é totalmente afrouxado,
onde não há distinção entre o público e o privado: todos são amigos
em todos os lugares. O Brasil é uma sociedade onde o Estado é
apropriado pela família, os homens públicos são formados no círculo
doméstico, onde laços sentimentais e familiares são transportados
para o ambiente do Estado, é o homem que tem o coração como
intermédio de suas relações, ao mesmo tempo em que tem muito medo de
ficar sozinho.

Novos Tempos: Há na sociedade brasileira atual, um apego muito forte
ao recinto doméstico, uma relutância em aceitar a
superindividualidade. Poucos profissionais se limitam a ser apenas
homens de sua profissão. Há um grande desejo em alcançar prestígio e
dinheiro sem esforço. O bacharelado era muito almejado por
representar prestígio na sociedade colonial urbana. Não havia uma
real preocupação com a intelectualidade com o sabre, havia um amor
pela idéias fixas e genéricas o que justificará a entrada do
positivismo e sua grande permanência no Brasil. Autor faz críticas
aos positivistas. Para o autor a democracia foi no Brasil "sempre um
mal-entendido".Os grandes movimentos sociais e políticos vinham de
cima para baixo, o povo ficou indiferente a tudo. O romantismo
acabou se tornando um mundo fora do mundo, incapaz de ver a
realidade, o que ajudou na construção de uma realidade falsa,
livresca. Muitos traços da nossa intelectualidade ainda revelam uma
mentalidade senhorial e conservadora

O Brasil é um país pacífico, brando. Julgamos ser bons a obediência
dos regulamentos, dos preceitos abstratos. É necessário que façamos
uma espécie de revolução para darmos fim aos resquícios de nossa
história colonial e começarmos a traçar uma história nossa,
diferente e particular. "

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